Carta da V Assembleia do Povo Xukuru Kariri: Terra é mãe, fonte de vida e bem viver!

camp_xuk_kariri“Hoje sabemos o lugar que queremos

ocupar na história do país”.

Maninha Xukuru Kariri

 Cimi Regional Nordeste

Nós, Povo Xukuru Kariri, reunidos em nossa V Assembleia com o tema “Terra é Mãe, Fonte de Vida e do Bem Viver”, durante os dias 09, 10 e 11 de Outubro de 2013, reafirmamos nosso compromisso em defesa da nossa mãe Terra, fonte geradora da vida e guardiã da memória dos nossos antepassados, capaz de assegurar a manutenção das presentes e futuras gerações.

Aos nos reunirmos em assembleia tivemos a oportunidade de realimentar nosso grande sonho: a volta à terra que sempre foi nossa, mas que fora roubada dos mais velhos.

Relembramos os vinte e cinco anos da conquista da Constituição Federal, fruto das lutas dos povos indígenas e da classe trabalhadora, que reconheceu a diversidade de povos, línguas, culturas e religiões que compõem a sociedade brasileira, determinando ao Estado o respeito à organização social dos povos indígenas e a regularização de todas as terras indígenas.

Repudiamos os ataques dos setores mais atrasados do Brasil, representada pela bancada ruralista no Congresso Nacional, que tentam a todo custo destruir os direitos indígenas assegurados na Constituição Federal, para abrir as terras indígenas à exploração do agro/hidronegócio e ameaçar a natureza sagrada.

Nosso povo também vive um momento de ataques ao seu território tradicional com a articulação de políticos e fazendeiros do Estado para impedir que a FUNAI cumpra com o seu dever legal: realizar o levantamento fundiário para identificar os ocupantes não-índios de nosso território, concluindo o processo de demarcação, e por fim a violência contra os índios que permanece na região de Palmeira dos Índios. Denunciamos também os ataques aos nossos parentes que vivem na cidade de Taquarana em um pequeno pedaço de terra, que têm sido ameaçados em seus direitos por fazendeiros da região. Exigimos o apoio da FUNAI e do Ministério Público Federal na defesa dos nossos parentes.

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Exigimos ainda do governo do Estado de Alagoas o respeito ao nosso direito à educação específica, diferenciada e intercultural. Denunciamos o abandono no qual se encontram nossas escolas, bem como a reforma não concluída das Escolas de Fazenda Canto e Mata da Cafurna, fato que ameaça o início do ano letivo de 2014. Essa situação de abandono da educação escolar indígena está permitindo a ingerência da Prefeitura de Palmeira dos Índios, desrespeitando nossa organização social e estimulando o conflito interno.

Reafirmamos nossa unidade e disposição para resistir a todos esses atos e, animados pelas forças dos nossos guerreiros e guerreiras que já tombaram nessa luta, especialmente de Quitéria, Luzanel, Miguel Celestino e Maninha, exigimos o cumprimento da Constituição Federal pelo governo brasileiro e convocamos todos os nossos aliados e a população em geral a somar forças para a conquista definitiva do nosso território tradicional.

A terra para nós NÃO é objeto de negócio, de trocas, mas um lugar sagrado que alimenta nosso sonho, nossa vida, nossa cultura para a construção do Bem Viver do Povo Xukuru-Kariri.

Ao reafirmamos a necessidade de construção do bem viver, desejamos que a esperança que nos anima a caminhar em meio às adversidades possa iluminar as mentes e os corações da sociedade palmeirense e alagoana com a finalidade de construir a justiça social para todos/as.

Aldeia Fazenda Canto, Palmeira dos Índios, Alagoas 11 de outubro de 2013.

Povo Xukuru Kariri, Povo Xukuru de Ororubá, MST, CPT, MCP, MTC, RECID, Coletivo Macambira, PCR, CIMI, UNEAL, FACESTA, UFAL – Campus Sertão, Coletivos Amigos e Amigas Xukuru-Kariri, MPDC, COJIPE, Cáritas Diocesana de Palmeira dos Índios, Cáritas Regional Nordeste II.

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