Sergio Andrade, dono da Andrade Gutierrez e sócio da antiga “supertele nacional”, que será controlada pela Portugal Telecom, foi autuado em flagrante; “Os filhos da família desta mansão de R$ 20 milhões mergulham no Leblon nadando no seu próprio xixi”, disse o secretário do Meio Ambiente do Rio, Carlos Minc; obra para evitar o crime ambiental custaria R$ 2 mil; empresário diz que não fez nada de errado
Do Jornal do Brasil, na 247
Algumas situações são difíceis de compreender diante de fatos que, a princípio, parecem impossíveis de acontecer. Como por exemplo, o esgoto da mansão do milionário Sérgio Lins Andrade, dono da construtora Andrade Gutierrez, uma das maiores do Brasil e com várias obras no exterior, que não está ligado à rede pública de coleta e que custaria menos de R$ 2 mil para ser feito. Apesar desse custo, irrisório para um milionário, o ilustre morador do Condomínio Jardim Pernambuco, no Leblon – um dos metros quadrados mais caros do país – preferiu jogar os dejetos na galeria fluvial do bairro, conforme flagrante dado pela Secretaria Estadual de Ambiente nesta quinta-feira (3/10).
O robô-espião da SEA não deixou dúvidas quanto ao derramamento de esgoto nas galerias fluviais e Sérgio Gutierrez, cuja casa é avaliada em mais de R$ 20 milhões, deixou de fazer uma obra de baixo custo para evitar a poluição da Praia do Leblon. Por não ter gasto cerca de R$ 2 mil, Gutierrez foi autuado em flagrante e será multado por infringir o artigo 93 (poluir corpos hídricos) da Lei 3469/2000, que dispõe sobre sanções administrativas derivadas de condutas lesivas ao meio ambiente do Estado do Rio de Janeiro. O proprietário foi notificado pela Cedae e pelo Inea, que estabeleceram prazo inicial de 48 horas para que seja corrigido o problema.
Após o flagra, Gutierrez soltou uma nota afirmando que pediu a um dos milhares de engenheiros que trabalham para ele fazer um laudo sobre a ligação clandestina e concluiu que “todas as ligações de água e esgoto estão corretas”. Ele ainda se colocou à disposição dos órgãos estaduais para quaisquer esclarecimentos.
O despejo ilegal de esgoto da mansão, situada no número 76 da Rua Graça Aranha, foi flagrado por técnicos da empresa Norbrasil Saneamento, contratada pela SEA, em blitz ecológica promovida pela Coordenadoria Integrada de Combate aos Crimes Ambientais (Cicca), da SEA, com a participação do secretário do Ambiente, Carlos Minc.
Ao constatar o crime ambiental praticado pelo proprietário da mansão, Minc afirmou, irônico: “Os filhos da família desta mansão de R$ 20 milhões mergulham no Leblon nadando no seu próprio xixi”. Para evidenciar a irregularidade praticada pela residência, técnicos da NorBrasil despejaram um corante em sua rede de saída de esgoto, mapeando então seu trajeto até uma galeria de água pluvial do condomínio. Ficou comprovado assim o crime ambiental. Também foi realizado um teste de colimetria da água que chegava à galeria pluvial, com resultado positivo para presença de coliformes fecais, uma vergonha para gente tão abastada.
–
Enviada para Combate Racismo Ambiental por José Carlos.