Vo Nguyen Giap era um dos personagens mais admirados entre a juventude vietnamita, atrás apenas de Ho Chi Minh
Por Opera Mundi*
Herói militar da independência do Vietnã e da vitória contra os Estados Unidos, o general Vo Nguyen Giap morreu nesta sexta-feira (04/10) aos 102 anos no hospital militar de Hanói, capital do país. O oficial, conhecido como “Napoleão Vermelho”, teve papel fundamental nas guerras contra a ocupação francesa e norte-americana, alcançando posição de destaque no governo e entre a população.
Giap era o último membro vivo da guarda revolucionária vietnamita e estava internado desde 2011. Seu falecimento ainda não foi anunciado pelas autoridades, mas fontes anônimas próximas ao militar divulgaram a notícia para meios de comunicação locais.
Segundo pesquisas de opinião, o legado do general é considerado o segundo mais importante pela população do Vietnã, estando atrás apenas do presidente e revolucionário Ho Chi Min, que liderou a independência do país. O general comandou as guerrilhas que lutaram contra as forças colonialistas francesas, estando por trás de uma estratégia inovadora, que, até os dias atuais, é estudada por militares.
Entrada na luta política
Giap nasceu em 1912 na região central da então Indochina, quando o Vietnã ainda era uma colônia francesa. O oficial se formou na Universidade de Hanói em economia política e direito, trabalhando como professor de história e, posteriormente, jornalista. Em 1930, o general foi detido por apoiar greves estudantis na Indochina.
Três anos depois, o militar entrou no Partido Comunista e em 1938, quando a França baniu o comunismo da Indochina, Giap fugiu para a China. Durante seu exílio, o general se aliou a Ho Chi Min e sua irmã e esposa foram presas e executadas. Em 1941, o “Napoleão vermelho” se uniu a um grupo guerrilheiro do Vietnã do Norte, trabalhando na organização de milícias armadas.
Em setembro de 1945, Ho Chi Min proclamou a República Democrática do Vietnã e nomeou Giap como ministro do Interior. A França, no entanto, não havia desistido de sua colônia e a resistência armada continuou por oito anos sob a liderança do general, que conseguiu apoio da China de Mao Tse Tung para treinar e equipar as tropas.
Líder de guerrilha e militar socialista
Em 1954, a vitória da batalha de Dien Bien Phu terminou efetivamente a 1ª Guerra da Indochina. Como resultado dos acordos de paz, houve uma divisão do país, com Ho Chi Minh governando a República Democrática do Vietnã (do norte), comunista. No novo governo, Giap serviu como ministro da Defesa e comandante-em-chefe do Exército Popular do Vietnã.
A partir da escalada do conflito com o Vietnã do Sul, apoiado pelos Estados Unidos, na Guerra do Vietnã, Giap liderou a estratégia e o comando militares, misturando táticas de guerrilha com ataques convencionais, aliados à FNL (Frente Nacional de Libertação do Vietnã). Seus objetivos eram militares, mas, também, políticos: desejava que a ofensiva impulsionasse um levante no Vietnã do Sul e mostrasse que as alegações dos EUA sobre o progresso da guerra a seu favor estavam erradas.
Em 1968, após a bem-sucedida Ofensiva de Tet, as conversações de paz foram iniciadas e os EUA retiraram-se da guerra em 1973. Giap continuou no comando das tropas norte-vietnamitas quando o país conduziu uma campanha que finalmente capturou a capital do Vietnã do Sul, Saigon, em 1975.
A vitória e a expulsão das tropas norte-americanas possibilitou a reunificação do país sob o governo comunista, com Giap como ministro da Defesa e, posteriormente, vice-primeiro-ministro, em 1976.
Giap entrou para a história como um grande líder militar e político, de estratégias de resistência e combate anticolonial que definiram a reunificação da nação vietnamita, como República Socialista do Vietnã.
(*) Com informações de agências internacionais e do Portal Vermelho