MT – Em Luciara, latifúndio sem máscaras contra os Retireiros do Araguaia

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Numa pequena localidade à beira do Rio Araguaia, emerge a brutalidade dos que se julgam donos do Brasil

Por Taís González e Bruna Bernacchio, em Outras Palavras

Tiros foram disparados contra casas de religiosos. As moradas de dois pequenos agricultores (um deles, também vereador) foram queimadas até a completa destruição. A rodovia MT 100, que dá acesso à cidade, foi bloqueada. Milícias armadas detiveram um ônibus com pesquisadores e estudantes do projeto Nova Cartografia Social da Amazônia e tentaram revistar seus ocupantes. Máquinas foram colocadas na pista de pouso do aeroporto e montaram-se estratégias para evitar a chegada de pessoas pelo rio Araguaia. Entre 20 e 22 de setembro, a pequena cidade de Luciara (2.300 habitantes), no extremo nordeste do Mato Grosso (1160 km. de Cuiabá), viveu de forma concentrada a violência que os grandes proprietários rurais praticam há séculos contra os que resistem a seu poder no campo.

Motivo: um pequeno grupo de fazendeiros quer evitar, à força, a criação de uma Reserva de Desenvolvimento Sustentável no município. A constituição da unidade é proposta do Instituto Chico Mendes (ICMBio). Visa evitar que se concretize uma ameaça social e ambiental. Há algum tempo, os latifundiários – na verdade “grileiros” que ocuparam terras públicas – estão avançando sobre os pequenos sítios mantidos, em condições comunais, sustentáveis e de integração com a natureza, por cerca de cem famílias. São os “retireiros do Araguaia”. (mais…)

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Dois vídeos de dois minutos: A mineração e a devastação da Amazônia peruana em Madre de Dios

Socializados por Gleice Oliveira com o comentário: “[O segundo vídeo] destaca pontos onde as árvores estão mortas de pé, por asfixia, devido à toxidade espalhada na região pela atividade mineira”.

Vídeo 1 – El periodista Güido Lombardi comentó en su programa en RPP Noticias las impresiones que le causó sobrevolar las zonas Guacamayo y Huapetuhe, afectadas por la minería ilegal en Madre de Dios. Para mayor información siga el HT #NoMásMineríaIlegal por twitter. (mais…)

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Gays [e outras pessoas conscientes] boicotam massas Barilla após entrevista homofóbica: “Se os gays não gostarem, podem comer outra”

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Guido Barilla: ‘Se os gays não gostarem, podem comer outra’

Por Gustavo Santos Ferreira, no Estadão

Grupos defensores dos direitos dos gays na Itália propuseram nesta quinta-feira, 26, boicote à Barilla, maior fabricante de massas do mundo. O protesto é um ato de repúdio contra declarações do presidente da empresa, Guido Barilla.

O executivo, de 55 anos, afirmou à emissora italiana Radio 24, durante programa de grande audiência no país, que em hipótese alguma faria propagandas de TV em que seus produtos fossem consumidos por famílias formadas por casais homossexuais.

“Se os gays não gostarem, podem comer outra marca”, afirmou Guido. “O conceito de família sagrada continua sendo um dos nossos valores fundamentais.”

Guido Barilla não parou por aí. “Todo mundo tem o direito de fazer o que quer, mas sem perturbar as pessoas à sua volta.” E foi além: “Eu não tenho nenhum respeito pela adoção por famílias homossexuais porque isso diz respeito a uma pessoa que não é capaz de escolher”, disse, referindo-se aos filhos adotados por gays. (mais…)

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Repetindo, numa homenagem dupla: “Índios, os estrangeiros nativos”, por Eliane Brum

Tem início amanhã a semana de Mobilização Nacional Indígena, aprofundando a luta pelos seus direitos às vésperas da comemoração dos 25 anos da Constituição de 1988. A chamada ‘Carta Magna’, que, além de desrespeitada, vemos a cada dia ser pouco a pouco rasgada e, se depender dos ruralistas em especial, literalmente estuprada por um Congresso onde poucos se salvam. Amanhã fará também uma semana que publicamos aqui a crônica de despedida de Eliane Brum da revista na qual até então escrevia todas as segundas-feiras. No dia 10 de junho deste ano, ela havia escrito um de seus melhores textos, por nós republicado: “Índios, os estrangeiros nativos”. Aí vai ele, novamente, numa homenagem dupla: à sua autora e àqueles e àquelas que o inspiraram. (Tania Pacheco)

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A dificuldade de uma parcela das elites, da população e do governo de reconhecer os indígenas como parte do Brasil criou uma espécie de xenofobia invertida, invocada nos momentos de acirramento dos conflitos

Por Eliane Brum*

A volta dos indígenas à pauta do país tem gerado discursos bastante reveladores sobre a impossibilidade de escutá-los como parte do Brasil que têm algo a dizer não só sobre o seu lugar, mas também sobre si. Os indígenas parecem ser, para uma parcela das elites, da população e do governo, algo que poderíamos chamar de “estrangeiros nativos”. É um curioso caso de xenofobia, no qual aqueles que aqui estavam são vistos como os de fora. Como “os outros”, a quem se dedica enorme desconfiança. No processo histórico de estrangeirização da população originária, os indígenas foram escravizados, catequizados, expulsos, em alguns casos dizimados. Por ainda assim permanecerem, são considerados entraves a um suposto desenvolvimento. A muito custo foram reconhecidos como detentores de direitos, e nisso a Constituição de 1988 foi um marco, mas ainda hoje parecem ser aqueles com quem a sociedade não indígena tem uma dívida que lhe custa reconhecer e que, para alguns setores – e não apenas os ruralistas –, seria melhor dar calote. Para que os de dentro continuem fora é preciso mantê-los fora no discurso. É isso que também temos testemunhado nas últimas semanas.  (mais…)

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A Guerra de Iranduba, por José Ribamar Bessa Freire

supostos descobridoresEm Taqui Pra Ti

Maria morava há mais de 13 anos no “Alagadinho”, Cacau Pirêra, distrito do município de Iranduba (AM). Saiu de lá, onde vivia submersa durante a cheia, para realizar “o sonho de moradia” em área de propriedade do Estado. Fez roça no quintal. Plantou macaxeira, abacaxi, pimenta de cheiro e plantas medicinais. Acontece que a área foi grilada por particulares. E na quarta-feira (25), o trator, protegido pelas botas da polícia, entrou lá, esmagou plantinhas, esperanças, sonhos. Destruiu tudo.Só deixou lágrimas, fome e Maria, sem casa, sem roça, sem ter o que dar de comer aos filhos.

– “Vocês tem arco e flecha; a gente tem é bala”. Esse foi o “argumento”  que um policial militar disparou contra uma índia Kokama, durante a operação dizque “pacífica”, iniciada na segunda-feira (23), para impedir o acesso a uma área ocupada por indígenas e não-indígenas, na rodovia Manoel Urbano (AM-070), região metropolitana de Manaus. Usou a “lógica” colonial do Raposo Tavares, Borba Gato e outros bandeirantes. (mais…)

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Família de Norberto Nehring, torturado e morto durante a ditadura, pede revisão da certidão de óbito

Comissão da Verdade - NorbertoPor Elaine Patricia Cruz, Repórter da Agência Brasil

São Paulo – A família de Norberto Nehring, economista e professor da Universidade de São Paulo (USP) que foi assassinado durante a ditadura militar no país, pediu ontem (27) à Comissão da Verdade do Estado de São Paulo que seja providenciada uma nova certidão de óbito de Nehring. A família pede que o documento aponte que ele morreu sob tortura, por lesões e maus-tratos e que seja definido o local em que a morte ocorreu.

Atualmente, a certidão de óbito de Nehring, que já sofreu uma modificação a pedido da família, aponta que ele morreu “por causas não naturais”. A primeira certidão do economista, que morreu no dia 20 de abril de 1970, informava que ele tinha se suicidado com uma gravata em um hotel.

“O processo histórico é algo que se faz de pequenas peças. Uma pecinha na revisão desse processo já tivemos, que foi a primeira revisão do atestado de óbito que, de suicídio, passou a responsabilizar o Estado brasileiro e falou do domínio físico do meu pai, dizendo que ele estava sob responsabilidade de agentes do Estado. A questão é muito complexa porque nunca existiu tortura oficialmente no Brasil. Não há nenhum laudo oficial falando em tortura”, disse a cineasta Marta Nehring, filha de Norberto.

“Esse reconhecimento é para limpar a nossa história. E a história se limpa com esses pequenos registros. Um atestado de óbito refeito é uma pecinha que pode parecer pequena, mas é parte do grande movimento histórico para limparmos nosso passado”, acrescentou. (mais…)

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“A crítica do esfarrapado: Miguel do Rosário responde à The Economist”

A última edição da britânica The Economist, trazendo uma capa duramente crítica ao Brasil, produziu grande euforia nas hostes coxinhas. Postado por Rodrigo Vianna em O Escrivinhador

Por Miguel do Rosário n’O Cafezinho

A última edição da britânica The Economist, trazendo uma capa duramente crítica ao Brasil, produziu grande euforia nas hostes coxinhas. No post anterior, eu dei uma resposta preliminar, com base apenas na capa e nas chamadas, que já prenunciavam o teor da matéria.

Agora, que tive a pachorra de ler os nove textos, mais a abertura, posso fazer uma crítica mais consistente.

Em primeiro lugar, baixemos as armas. Eu gosto da Economist. Acho uma revista elegante e bem redigida. Quer dizer, eu gostava. Mas não foi a capa ofensiva ao Rio e ao Brasil que me fez mudar de ideia. Não sou de ligar muito para essas coisas, e na verdade não sou tão ufanista como me “acusam” alguns. Também tenho milhares de críticas ao governo federal e ao PT, com os quais, sempre é bom deixar claro, não tenho nenhum elo ou obrigação.

O que me fez mudar de ideia em relação à Economist foi o último artigo de capa, um libelo sem-vergonha em favor de intervenções armadas dos EUA. É notório que o principal público consumidor da revista hoje em dia está nos Estados Unidos. A matéria favorável à indústria bélica mostra que, infelizmente, os patrocinadores também estão lá. (mais…)

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Por que é urgente o Brasil tirar o aborto da ilegalidade?

Luta pelos direitos das mulheres inclui tratar aborto como questão de saúde pública, em vez de prática criminosa. Foto: Adriana Borges
Luta pelos direitos das mulheres inclui tratar aborto como questão de saúde pública, em vez de prática criminosa. Foto: Adriana Borges

Grupos religiosos impõem, sob a aquiescência pacífica do governo, aberrações como o Estatuto do Nascituro e outras propostas de igual teor de violência contra as mulheres

Por Ana Maria Costa*, em Rede Brasil Atual

O dia 28 de setembro é marcado pelos movimentos sociais latino-americanos como data de luta pela descriminalização do aborto. Por que legalizar o aborto? Para consolidar o Estado laico, aperfeiçoar a democracia e promover os direitos sexuais e reprodutivos e a saúde das mulheres.

Ao contrário do Uruguai, que optou pela vida e os direitos das mulheres legalizando o aborto, o Brasil estancou o debate sobre o tema no parlamento e no governo, barrando direitos essenciais para a democracia.

Na vida real, as mulheres brasileiras que engravidam contra a vontade, planos ou desejos, prosseguem interrompendo gestações de forma clandestina e insegura, morrendo ou adquirindo sequelas que na maioria das vezes impedem os futuros planos reprodutivos.  (mais…)

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Intervenções e homenagens celebram o aniversário do São Francisco na região: 2 a 5 de outubro

Convite -Semana do RioTodos os anos a primeira semana de outubro vem sendo marcada por diversas atividades voltadas para o Rio São Francisco. O dia 04, especialmente, é o momento de chamar atenção para a importância do rio para a região, discutir como o mesmo vem sendo tratado e falar da necessidade de preservá-lo. Escolas, organizações sociais e a mídia normalmente agendam esta data.

Este ano, no período de 02 a 05 de outubro, diversas atividades estarão acontecendo em Curaçá, Pilão Arcado, Juazeiro e Sobradinho, com a preocupação de envolver novos atores sociais na luta em defesa da vida do rio e dos povos ribeirinhos. A “Semana do Rio” está sendo organizada pela Articulação Popular São Francisco Vivo, que reúne diversas entidades, movimentos sociais e povos de toda a Bacia do São Francisco e que durante todo o ano desenvolve uma série de ações no Alto, Médio, Submédio e Baixo São Francisco. (mais…)

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A memória política brasileira à luz da Constituição de 1988. Entrevista especial com José Carlos Moreira

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No que se refere à responsabilização pelos crimes cometidos pela ditadura militar, “o problema maior não é a Constituição em si, mas a disputa pelo seu sentido. Caso houvesse um consenso político maior sobre a necessidade de se responsabilizar os crimes cometidos pelos agentes da ditadura, a Constituição poderia servir tranquilamente de base para isto”, constata o doutor em Direito.

IHU On-Line

“O que o Brasil hoje é em termos políticos e institucionais, bem como as suas possibilidades para o futuro, deve-se obviamente à sua história e ao seu passado de lutas, conflitos, conquistas e vilanias”, sustenta o professor José Carlos Moreira Filho, em entrevista concedida por e-mail à IHU On-Line, ao contrapor a ideia de que o povo brasileiro é acomodado em relação às questões políticas.

Em seu resgate da história brasileira, o professor aponta para pistas de como o regime de exceção acabou deixando marcas em nossa Constituição e de como a violência se mantém nas relações em sociedade. (mais…)

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