Neste 11 de setembro, em que relembramos os 40 anos do golpe contra o presidente democraticamente eleito Salvador Allende, no Chile, gostaria de lamentar publicamente a morte do general Augusto Pinochet.
Entendo a alegria de todos os que, durante as ditaduras militares do Cone Sul, foram caçados por ele, chilenos ou não. Mas o passamento dele, ocorrido no dia 10 de dezembro de 2006 (ironicamente, o aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos), ou mesmo de outros açougueiros-ditadores sem que fossem devidamente punidos pelas atrocidades que cometeram, deveria ser um momento de reflexão e de pesar.
Pesar pela incompetência da humanidade que poucas vezes conseguiu fazer com que esses carrascos respondessem pelos crimes que cometeram. De 1973 a 1990, mais de 3 mil pessoas desapareceram pelas mãos da polícia secreta de Pinochet.
Mesmo se eu acreditasse em mitologias, uma morte aos 91 anos de causas naturais não é indício de “justiça divina”. O sujeito passa desta para uma melhor, morando confortavelmente em sua mansão, com a certeza absoluta que tanto o governo chileno quanto o sistema internacional não teriam forças para colocá-lo na cadeia e há quem considere isso como “justiça divina”?
O fuinha viveu quase um século, sendo que 17 anos mandando e desmandando e morreu impune! Passou os últimos anos se justificando pela saúde frágil. Frágil de acordo com a equipe contratada para a sua defesa, claro. Portanto, o céu (nem o inferno) não fizeram justiça. Muito menos nós. (mais…)