Decreto de combate aos efeitos da seca é usado pela agroindústria para privatizar nascente de rio na Bahia
Em Personal Escritor
A comunidade de Piatã, Chapada Diamantina, Bahia, organizou uma petição online contra o barramento de rio para atividades do agronegócio. De acordo com o documento, empresas usaram um decreto do governo de combate aos efeitos da seca para obter licença simplificada, pela qual iniciaram a construção de duas barragens numa das principais nascentes do rio usado para a sobrevivência da população local – que desenvolve agricultura familiar. Com isso, além da privatização das águas, já escassas, haverá a poluição pelo uso de agrotóxicos, afora o desmatamento.
Eis os termos do abaixo-assinado, dirigido ao governo da Bahia:
Estamos vivendo um momento decisivo aqui no município de Piatã, Chapada Diamantina, Bahia. As empresas BAGISA e HAYASHI, atuantes há 20 anos no distrito de Cascavel, município de Ibicoara, querem a qualquer custo transformar o Gerais de Piatã, berço das nascentes do Rio de Contas e uma das regiões mais preservadas do estado, num grande parque agroindustrial de produção de sementes de batatas, uma cultura mais intensiva que tomate em uso de pesticidas.
Compraram milhares de hectares na região e, sem nenhum estudo independente ou debate público sério, conseguiram uma licença simplificada emitida pelo INEMA (órgão ambiental da Bahia) e, com o apoio da Prefeitura Municipal de Piatã, começaram em julho de 2013 a construir duas barragens no Riacho das Pedras, uma das principais nascentes do Rio de Contas. Desmataram as matas ciliares e dragaram o leito do rio, obrigando as comunidades que usam o rio a beber água de lama. E isso é apenas o começo… Por sorte, não pediram a licença de supressão vegetal e o próprio INEMA embargou a obra 15 dias após o seu início. Mas as empresas continuam agindo com o poder do dinheiro e fazendo muita pressão nas autoridades locais e estaduais para retomar as obras e conseguir finalizar a empreitada. Mas ainda podemos gritar e dizer que NÃO QUEREMOS AS BARRAGENS DO AGRONEGÓCIO EM PIATÃ!
O decreto do governador que substanciou a licença simplificada é o n. 14.389 de 07/04/2013. Tem o objetivo de facilitar a construção de infra-estrutura para combater os efeitos da seca. MAS COMO PODE ISSO??? O DECRETO É PARA COMBATER A SECA, NÃO PARA ENTREGAR DE BANDEJA A POUCA ÁGUA QUE NÓS TEMOS PARA O AGRONEGÓCIO! A BARRAGEM É PARTICULAR E NADA TEM DE COMBATE A SECA, PELO CONTRÁRIO, ELA VAI AGRAVAR OS SEUS EFEITOS, POIS AS EMPRESAS VÃO UTILIZAR A POUCA ÁGUA QUE TEMOS E AINDA IRÃO POLUIR OS MANANCIAIS COM AGROTÓXICOS.
Fazer agricultura intensiva nessa região é condenar o rio à morte! Centenas de agricultores familiares vivem logo abaixo das barragens e produzem uma diversidade enorme de produtos, entre eles o café (um dos melhores do mundo!), morangos, cana e horticultura, sendo dependentes da água do rio para produzir e beber. Enquanto isso, os donos dessas empresas moram bem longe daqui, em outros estados, talvez em outros países. BAGISA é uma S.A., já são milionários e estão pouco ligando para os sérios problemas ambientais e sociais que trazem aos locais onde atuam. Visam apenas o lucro! Basta ver o estado calamitoso do distrito de Cascavel, o mais violento e poluído de toda a Chapada Diamantina.
E ainda tem mais. As barragens estão situadas a cerca de 1 km das principais cachoeiras do município, a Cachoeira do Patrício, o Patricinho e a Cachoeira da Luz, estas duas últimas logo abaixo da barragem. Locais de exuberante riqueza natural e pontos de lazer das famílias locais e turistas. Estes locais estão seriamente ameaçados por este empreendimento. UM VERDADEIRO ABSURDO!!!
Não somos contra o desenvolvimento, muito pelo contrário, a região é carente e precisa de escolas, hospitais, transporte, geração de renda, sem dúvidas! Mas para isso há vários outros caminhos. Piatã já é famosa pela altíssima qualidade dos seus cafés e outros produtos da agricultura familiar, pela beleza de suas paisagens e pela exuberância de seus rios.
Vamos valorizar nossas riquezas, buscar projetos para os produtores familiares, não atrair essas empresas que só trazem degradação e criminalidade em troca de alguns empregos de baixa qualificação.
NÃO QUEREMOS ESSAS BARRAGENS E O AGRONEGÓCIO PREDATÓRIO EM NOSSO MUNICÍPIO!!!
QUEREMOS A NATUREZA PROTEGIDA E ÁGUA LIMPA PARA O POVO!!!
QUEREMOS PIATÃ DESENVOLVIDA E SUSTENTÁVEL COM A FORÇA DA AGRICULTURA FAMILIAR!!!
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Enviada para Combate Racismo Ambiental por Mayron Borges.
Não lamento, pois muitas destas gente de cidades interiorana só falta lamber a bunda de políticos corruptos. na hora de fazer valer seu voto e dizer não, vai la sim senhor vote ni senror, estão tem o que merece.
Gostaria de saber o nome dos politicos que estão envolvidos nesta ação,assim poderemos dá uma resposta aos mesmo nas urnas.
Lamentável ação.
Nasci em Piatã e atualmente moro no Rio de Janeiro,gostaria de saber se alguém pode informar quais os problemas diretos que esse projeto pode causar aos nossos rios, por que a população encontra-se dividida entre o progresso social e econômico e a preservação ambiental,o que é lamentável… Domingos,entre em contato com Piatãenses,existe um grupo de apoio no Facebook
Prezados amigos,
Sou secretário executivo do Grupo Ecológico Rio das Contas – GFRC, pode contar conosco nesta luta contra esta ideia absurda de construir barragens para prejudicar as nascentes do Rio das Contas e consequente todo leito do rio, que vem passando por processo cada vez maior de degradação. Sou editor da Revista Cotoxó e irei colocar uma matéria de capa sobre esta questão nesta edição de setembro de 2013. Abraços, Domingos Ailton
Força guerreiros! Esses absurdos contra a mãe natureza tem quem acabar! Apoio total, divulgacão massiva!
Deploravél a ambicao e falta de compromisso com o meio ambiente
Lamentável o que o poder do dinheiro tem sobre os governantes. Conte comigo nesta luta pela natureza.
Fica minha indignação ao poder público que para privilegiar grandes empresários facilitam a liberação licenças sem pensar na população que vive da agricultura familiar e usa as águas dessa nascente para subsistência.Vamos trabalhar com o povo e para o povo,estamos cheios de ver nossas natureza explorada em benefícios de uma pequena parte já milionária e que nem são empresas nacionais.
É importante lembrar que o Rio de Contas não é usado somente para a sobrevivência da população local, como também a todos os 62 municípios por onde passa até chegar a Itacaré para desembocar no Oceano Atlântico.