Ninguém aceitou receber o documento, que foi lido em voz alta por oficial de Justiça
Alan Barros – Diário do Nordeste
Quatro oficiais de Justiça tentaram entregar, na manhã desta quinta-feira (22), a notificação de desocupação do Cocó ao grupo que está acampado na área há mais de um mês. Entretanto, ninguém no local aceitou receber o documento. Os oficiais chegaram ao local por volta das 7h20.
Enquanto o documento era lido em voz alta pelo oficial Edmílson de Paula, o grupo fez um círculo e começou a cantar. Apesar de ninguém ter recebido, o oficial Wagner Venâncio informou que a notificação é válida. A leitura foi filmada, como determinava a Justiça.
Com isso, os manifestantes têm 3 horas para deixar a área, conforme decisão da Justiça Estadual, que concedeu, na tarde de quarta-feira (21), uma liminar de reintegração de posse do terreno do Parque do Cocó, ocupado há mais de um mês por pessoas contrárias à construção de dois viadutos no cruzamento das avenidas Antônio Sales e Engenheiro Santana Júnior. O pedido foi feito na terça-feira (20) pelo Governo do Estado, atendendo à solicitação da Prefeitura de Fortaleza.
Advogados tentam reverter decisão
O vereador João Alfredo afirmou que aproveitará as horas de prazo anteriores à desocupação para tentar reverter a decisão da Justiça Estadual. O parlamentar acionou advogados e o Ministério Público Federal, através do procurador Oscar Costa Filho. Carlos Mourão, advogado do Instituto Ambiental Viramundo, ajuizou recurso no Tribunal de Justiça do Estado do Ceará para pedir a suspensão imediata da liminar da 9ª Vara da Fazenda Pública que autoriza a desocupação.
Alguns manifestantes estão amarrados a árvores. Os acampados afirmam que vão resistir.
Por volta das 9h, uma plataforma de observação elevada chegou à área, para registrar toda a ação em vídeo.
Alguns indígenas chegaram ao local por volta das 9h30 para dar apoio aos acampados.
MP-CE chegou ao local no início da manhã
Logo cedo, os manifestantes tomaram café-da-manhã na companhia do vereador João Alfredo (PSOL) e da promotora Ierdes Pinheiro, do Ministério Público Estadual.
Conforme a promotora, a presença do MP-CE é para acompanhar a possível ação de desocupação dos acampados pela Polícia Militar, e verificar se a liminar será cumprida conforme foi determinada pela Justiça.
Apesar da decisão favorável ao Estado, a Justiça Federal, por meio do juiz Roberto Machado, suspendeu a obra dos viadutos.