Taqui Pra Ti – Guardem essa data, que ela é quente: 14 de julho de 2013. Na França, o povo comemora nas ruas mais de dois séculos da queda da Bastilha. Em Brasília, no Estádio Mané Garrincha, às 20h15, termina o jogo Flamengo x Vasco. Nessa hora, no Rio, na Rocinha, vários policiais militares, entre eles o soldado Douglas Roberto Vital, o “Cara de Macaco”, prendem o ajudante de pedreiro, Amarildo Dias de Souza, diante de uma birosca perto de sua casa. Ele é levado à Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) local “para prestar esclarecimentos”. Nunca mais foi visto. Até hoje.
Amarildo ainda ouviu os flamenguistas comemorarem o gol no final do primeiro tempo, mas não chegou a comer o peixe que ele havia pescado naquele dia e que sua mulher acabara de fritar. Nascido e criado na Rocinha, o ajudante de pedreiro, 43 anos, carteira assinada com salário mensal de R$300, vivia com a mulher Elisabete e seis filhos num barraco de um só cômodo, sem banheiro, com esgoto a céu aberto, numa área com muitos casos de tuberculose, verminose, hepatite, diarreia e disenteria. (mais…)