Stedile defende constituinte para evitar prolongamento da crise

João Pedro Stedile
João Pedro Stedile

Por Nilton Viana, do Brasil de Fato – de São Paulo

Em junho, protestos sacudiram o Brasil, agora, passado um mês daquele momento histórico, e após a realização do dia nacional de paralisações, convocado pelas centrais sindicais e pelos movimentos sociais. O dirigente acredita que está definitivamente enterrada qualquer possibilidade de mudança política através do atual Congresso. E ele é taxativo: “Se não viabilizarmos uma assembleia constituinte, entraremos numa crise política prolongada, cujos desdobramentos ninguém sabe como acontecerão”. João Pedro Stedile, dirigente nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) afirma, em entrevista ao jornal Brasil de Fato, que se isso não for feito, “entraremos numa crise política prolongada”.

Passado o primeiro mês das grandes mobilizações e da paralisação de 11 de julho, que balanço você faz?

O resultado das grandes mobilizações ocorridas em junho é extremamente positivo. A juventude passou a limpo a política institucional e rompeu com a pasmaceira da política de conciliação de classes, em que se dizia que todos ganhavam. Depois, tivemos a paralisação nacional do dia 11 de julho – organizada pelas centrais sindicais e pelos setores organizados da classe trabalhadora – que apesar da manipulação da imprensa burguesa foi realmente um sucesso. A maior parte da classe trabalhadora nos grandes centros do país não foi trabalhar. E seguiu-se em muitas cidades mobilizações representativas ou massivas, por demandas locais, contra a prepotência da polícia, contra os governos locais, como o caso do Rio de Janeiro, Vitória, Porto Alegre, etc. Tudo isso recolocou as massas em movimento atuando na luta política concreta e usando as ruas como espaço de disputa. (mais…)

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Evo Morales aceita pedido de desculpas de países europeus

Evo aceita desculpas de países europeus (Jorge Mamani/Efe)
Evo aceita desculpas de países europeus (Jorge Mamani/Efe)

Presidente boliviano autorizou a volta de seus embaixadores a Espanha, França, Itália e Portugal

AE – Agência Estado

LA PAZ – O presidente da Bolívia, Evo Morales, anunciou nesta quarta-feira, 24, o retorno de seus embaixadores a Madri, Paris, Roma e Lisboa. Morales disse que isso se deve ao fato de ele ter aceitado, “ainda que não plenamente”, os pedidos de desculpas de Espanha, França, Itália e Portugal pelo fechamento de seus respectivos espaços aéreos a seu avião quando voltava de visita de Estado a Moscou, no início de julho.

“Ainda que não estejamos plenamente satisfeitos, aceitamos as desculpas dos quatro países como um primeiro passo porque queremos continuar as relações com esses quatro países”, declarou Morales durante entrevista coletiva concedida em La Paz.

Em 2 de julho, o governante boliviano acusou Espanha, França, Itália e Portugal de fecharem o espaço aéreo para seu avião por causa de uma suspeita infundada de que o ex-agente da CIA Edward Snowden estivesse a bordo. (mais…)

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PMs que atuaram em ação paralela ao Pinheirinho são indiciados por tortura e abuso sexual

Inquérito da Corregedoria da Polícia Militar que indiciou 14 oficiais da Rota será enviado ao Ministério Público

Luciano Bottini Filho – O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO- A Corregedoria da Polícia Militar indiciou 14 policiais militares da Rota acusados de agredir, torturar e abusar sexualmente moradores de São José dos Campos, em uma ação paralela à desocupação do Pinheirinho,uma das maiores realizadas no País, ocorrida em 2012.

Os crimes, segundo o inquérito policial militar que será enviado ao Ministério Público, ocorreram no bairro Campo dos Alemães, onde o 1º Batalhão de Choque fazia uma ronda, enquanto o resto da PM se concentrava no Pinheirinho. Entre os indiciados, está o tenente comandante Hillen Deniz dos Santos, 7 anos de carreira, o sargento Luiz Cesar Ricomi, 27 anos na polícia, e o sargento Alex Sandro Teixeira de Oliveira, com 13 anos de corporação. Também estão envolvidos um cabo, dez soldados e um integrante do Copom de São José dos Campos – esse último só responde por prevaricação (deixar de realizar um ato obrigatório, por não atender o chamado de uma das vítimas). (mais…)

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Papa Francisco é a contrarrevolução moderna

Papa Francisco desfila pela cidade paulista de Aparecida. Visita do pontífice monopolizou cobertura de tvs locais e internacionais
Papa Francisco desfila pela cidade paulista de Aparecida. Visita do pontífice monopolizou cobertura de tvs locais e internacionais

Elevado ao trono de Pedro, religioso portenho reanima a mais importante instituição mundial do conservadorismo

Breno Altman* – Opera Mundi

A visita do chefe máximo da Igreja Católica ao Brasil virou um daqueles consensos aos quais se referia o escritor Nelson Rodrigues. “A unanimidade é burra”, pontificava o reacionário e fanático torcedor do Fluminense. Praticamente todos os setores da sociedade, afinal, estão batendo palmas para o sumo pontífice.

Até mesmo representantes ilustres da antiga teologia da libertação juntam-se ao coro dos embevecidos. O centro nervoso do culto ao papa argentino está em seus modos simples e nos discursos voltados à pobreza. Depois da égide de uma nobreza eclesiástica ancorada na guerra fria contra o socialismo, eis que o Vaticano passa ao comando de um cardeal paisano e latino-americano.

Cada gesto seu é saudado como se uma grande modificação estivesse em curso. A cobertura de emissoras tão díspares como a Globo e a venezuelana Telesur parece decidida pelo mesmo editor. As loas ao líder dos católicos eventualmente obedecem a pontos de vista opostos, mas buscam anular qualquer atividade ou pensamento críticos. (mais…)

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“Um novo modelo de medicina”. Por Elaine Tavares, com o endosso deste blog

protestos dos médicos não tocam nos pontos cruciais
Pelo direito à saúde! Pela defesa da prevenção e da vida! Pela medicina familiar! Pelo respeito aos seres humanos que necessitam de tratamento médico! TP.

Elaine Tavares – Palavras Insurgentes

Ontem passei algumas horas dentro do HU, o Hospital Universitário da UFSC. Desde bem cedinho já se pode ver muita gente por ali. Nas primeiras horas começam a chegar as ambulâncias do interior do estado. É gente demais. Descem com os olhos aflitos, semblante perdido. Estão muito longe de casa, doentes, frágeis, sozinhos.  Tudo o que querem é chegar e serem atendidos por alguém que lhes segure a mão e diga que as coisas vão ficar bem. Mas, nem sempre é assim. Seguem-se horas e horas de espera nos corredores lotados de outros seres como eles: perdidos, sozinhos, frágeis na dor.

Cada corredor de cada especialidade é um mundo. Ali se acotovelam vidas, sofrimentos, angústias. Afinal, estar doente é estar submetido a nossa condição mortal, é ficar cara-a-cara com a ceifadora. Daí esse medo que nos toma. Na sala de espera do raio-x algumas pessoas choram. Devem sentir muita dor. Por um átimo, os olhos se encontram e tudo o que se percebe é um atormentado pedido de ajuda, sem eco. Não há nada a fazer. Há que esperar. Nos salas de quimioterapia, os que esperam evitam olhar nos olhos como se tivessem vergonha de estarem doentes. Ficam ali, fixados no nada, ruminando uma profunda solidão.  (mais…)

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