Aquicultura intensiva de camarão (camarões chamado em muitos países latino-americanos) ou carcinicultura, entre outras consequências
1. Ameaça a integridade dos ecossistemas costeiros. O rápido crescimento da carcinicultura-cuja produção se concentra 99% nos países tropicais em desenvolvimento, tem sido acompanhada por uma trilha de exploração de recursos naturais aumentou, causando ampla destruição dos ecossistemas costeiros como deltas, estuários, mangues, pântanos e manguezais, sendo este último um dos ecossistemas mais afetados do mundo. Estudos têm revelado uma grande perda do ecossistema manguezal em áreas tropicais e subtropicais, em alguns casos mais de 30% dessas áreas foram destruídas para a produção de camarão, sendo esta atividade reconhecida como a principal ameaça à escala global.
2. Diminui as funções dos serviços ecossistêmicos. O desenvolvimento e a apropriação de vastas áreas das zonas costeiras pela indústria provoca graves consequências econômicas e ambientais. Um exemplo claro é o ecossistema de mangue, que fornece numerosos funções ecológicas de produção e regulação, alguns deles são a proteção contra inundações, erosão, os fenômenos climáticos e produção de nutrientes, além de ser uma fonte de biodiversidade que hospeda espécies de valor comercial. Estima-se que o ecossistema manguezal presta serviços ambientais para a sociedade que vale 1,2 bilhões por ano. No entanto a destruição de manguezais para o desenvolvimento da carcinicultura altera e diminui o fluxo de funções e, portanto, os benefícios gerados por esse ecossistema para a sociedade.
3. Ameaça a soberania alimentar das populações costeiras. A implementação desta indústria em áreas altamente produtivas, como lagoas, pântanos, mangues, entre outros, compromete gravemente a capacidade de produção de alimentos gerados por esses ecossistemas, bem como tem dificultado ou impedido o exercício de atividades tradicionais como a pesca artesanal ou a mariscagem. Como exemplo, um dos cinco sistemas naturais mais produtivos do mundo é precisamente o ecossistema manguezal, que cumpre a função de criação, alimentação, abrigo e reprodução de 75% das espécies tropicais, formando assim os meios de subsistência e a base alimentar de milhões de pessoas e famílias em todo o mundo. O desenvolvimento desta indústria e a dificuldade de acesso às áreas tradicionais de pesca, coleta de mariscos, flora ou produtos medicinais, etc, está afetando gravemente a soberania alimentar e o direito das populações costeiras, dos povos nativos do mangue. (mais…)