Segundo engenheiro, projeto de integração do São Francisco pode passar maior parte do tempo ocioso
A realização de pequenas obras pode ser importante para resolver o problema de escassez de água no Nordeste, defendeu o engenheiro civil e ex-diretor regional do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), Cássio Borges, durante palestra proferida ontem no VII Fórum Água em Pauta, evento realizado pela Revista Imprensa e sediado pelo Dnocs.
Segundo ele, o projeto de Integração do Rio São Francisco pode passar 60% do tempo ocioso, em um período de cem anos. Isso porque as chuvas seriam suficientes para suprir a necessidade de água da região durante 60 anos, sendo preciso utilizar a água da transposição somente durante 40 anos. “Minha grande preocupação é que existe uma megalomania hidráulica. As pessoas querem coisas grandes, mas faltam conhecimentos sobre hidrologia. Se eu fosse diretor do Dnocs hoje, faria o que o Dnocs fez no passado: colocaria todo mundo para estudar. Acredito que a realização de pequenas obras poderia ajudar a solucionar o problema (da escassez de água)”, afirma.
Projeto
Pelo atual Projeto de Integração do Rio São Francisco, a outorga concedida pela Agência Nacional de Águas (ANA) é para uma vazão contínua de 26 metros cúbicos por segundo (m³/s) e de 127 m³/s somente quando o reservatório de Sobradinho estiver vertendo água ou com 94% de sua capacidade. Dos 26 m³/s, 18,5 m³/s serão para o eixo Norte, que beneficiará os estados do Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. Os outros 7,5 m³/s serão para o eixo leste, que percorrerá o território de Pernambuco e da Paraíba. “Quando se falava em 320 m³/s, nós chegamos ao final dessa discussão com 18,5 m³/s. Para muitos, é pouquíssima água. Para mim, não é”, destaca Borges, acrescentando que essas águas serão para abastecimento humano e animal. (mais…)