“Como escrever a tese certa e vencer”, por José Murilo de Carvalho

O texto abaixo – de 1999, mas que acabo de “descobrir” – pode não ter graça para muitas pessoas. Mas para quem convive ou conviveu com o mundo acadêmico é impossível lê-lo sem dar pelo menos uma gargalhada. Se alguém se sentir ofendido/a, entretanto, não peço desculpas. No máximo, sugiro que se entenda com José Murilo, quando o encontrar, já que foi ele que o escreveu. Com muito bom humor, TP.

Ter que fazer uma tese de doutoramento na incerteza de como será recebida e na insegurança quanto ao futuro da carreira é experiência traumática. Quando passei por ela, gostaria de ter tido alguma ajuda. É esta ajuda que ofereço hoje, após 30 anos de carreira, a um hipotético doutorando, ou doutoranda, sobretudo das áreas de humanidades e ciências sociais. Ela não vai garantir êxito, mas pode ajudar a descobrir o caminho das pedras.

Dois pontos importantes na feitura da tese são as citações e o vocabulário. Você será identificado, classificado e avaliado de acordo com os autores que citar e a terminologia que usar. Se citar os autores e usar os termos corretos, estará a meio caminho do clube. Caso contrário, ficará de fora à espera de uma eventual mudança de cânone, que pode vir tarde demais. Começo com os autores. A regra no Brasil foi e continua sendo: cite sempre e abundantemente para mostrar erudição. Mas, atenção, não cite qualquer um. É preciso identificar os autores do momento. Eles serão sempre estrangeiros. Atualmente, a preferência é para franceses, alemães e ingleses, nesta ordem. Cito alguns, lembrando que a lista é fluida. (mais…)

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MA – PF prende seis pessoas acusadas de extrair madeira em terras indígenas

Por Gabriela Saraiva

Seis pessoas, entre elas quatro que estavam com fardamento da prefeitura de Maranhãozinho, e dois motoristas de caminhões, foram presas acusadas de fazer parte de uma quadrilha que age na extração de madeira, em terras indígenas do Alto-Turiaçu, de forma ilegal. A ação foi realizada pela Polícia Federal, nos últimos dias 12 e 13, como parte da Operação Arco de Fogo, iniciada desde fevereiro de 2008 para combater este tipo de crime no estado.

De acordo com o delegado Cristiano Sampaio, superintendente da Polícia Federal no Maranhão, as prisões ocorreram em função de uma investigação iniciada no final de 2001, quando a PF recebeu informações de que a prefeitura de Maranhãozinho estaria cobrando pedágio para que caminhões entrassem nas terras indígenas do Alto-Turiaçu e transportassem madeira de árvores nativas, extraída ilegalmente.

Dos presos, quatro eram responsáveis pela segurança e acesso à terra indígena pertencente à União, a fim de garantir a prática da ação criminosa. Estas pessoas, conforme contou o delegado Humberto Evangelista, da Delegacia de Crimes Ambientais e Patrimônio, que esteve à frente das investigações, estavam com fardamentos com a identificação da Guarda Municipal da Prefeitura de Maranhãozinho. Duas delas foram detidas no povoado Centro do Elias e as outras duas na quadra 80-I, do município. (mais…)

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Raposa Serra do Sol sediará encontro de jovens indígenas de Roraima

Karol Assunção – Adital

A Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, receberá, neste fim de semana, centenas de jovens indígenas do estado para debater estratégias de luta e de fortalecimento do movimento indígena. A juventude se reunirá, entre os próximos dias 15 e 17 de setembro, para o II Encontro Estadual dos Jovens Indígenas.

A expectativa é que cerca de 650 jovens de 14 a 25 anos de idade, de nove povos indígenas e de 11 etnorregiões do estado, participem da atividade. O evento ocorrerá no Centro Regional Lago do Caracaranã localizado na Terra Indígena Raposa Serra do Sol.

O local não foi escolhido por acaso. Edinho Batista de Souza, integrante do Conselho Indígena de Roraima, aponta que o espaço constitui um patrimônio histórico do povo indígena e é marcado por conflitos de território. “[A intenção é] discutir com os jovens [sobre a proteção das terras] e conhecer a história do local”, afirma, destacando as lutas dos indígenas pela garantia da terra que, mesmo demarcada, ainda foi alvo de disputa de arrozeiros e famílias de agricultores. (mais…)

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Esperanças e decepções em nossas novas pautas, por Washington Novaes*

Não é preciso chegar aos angustiantes temas macroeconômicos – a queda do produto interno bruto (PIB), o crescimento da inflação, a ausência de rumos definidos e eficazes para enfrentar as crises econômico-financeiras nacional e internacional. Basta trazer à memória questões que estarão na pauta após o julgamento do mensalão – seja qual for o desfecho -, assim como o veredicto das urnas, para sentir certo arrepio de temor. Judiciário, Legislativo e Executivo terão diante deles decisões muito graves a tomar, com prováveis repercussões profundas na sociedade e em seu comportamento.

Pode-se começar pelo próprio Judiciário. Que se vai fazer para enfrentar o congestionamento de processos, que, segundo cálculos do juiz Jesseir Coelho de Alcântara, de Goiás (O Popular, 17/3), chega a 90 milhões, 70% dos quais sem conclusão a cada ano? Excluídos crianças, adolescentes e pessoas sem acesso à Justiça, chega-se à média de um processo por habitante. Só 3% das comarcas do País têm Varas de Infância. Recentemente, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) mandou libertar 36 mil pessoas presas ilegalmente (Estado, 24/1). Dívidas dos Estados e municípios na Justiça, com sentenças já pronunciadas, chegam a R$ 84 bilhões. Critérios e atribuições de escolha de juízes para as mais altas Cortes permanecem mergulhados em infindável discussão. “A corrosão das instituições de controle no País” é alarmante, segundo diagnóstico recente da então corregedora do CNJ, Eliana Calmon.

E o Supremo Tribunal Federal (STF) terá ainda de enfrentar nestas próximas semanas mais uma questão polêmica e delicada: convalidar ou não – e estender a todos os Estados – sentenças judiciais ou leis de banimento da fabricação e do uso do amianto em cinco Estados (SP, RJ, PE, RS e MT). O amianto já está proibido em 66 países, condenado pela Organização Mundial de Saúde, por seus efeitos na geração de câncer de pulmão, mesoteliomas e asbestose, com milhares de mortes anuais. No Brasil, seus defensores argumentam que a variedade local do amianto – a crisotila – não teria esses efeitos. Mas são contestados por dezenas de laudos de instituições científicas do mundo todo. E há um projeto de lei empacado no Congresso Nacional que impediria a fabricação e o uso. (mais…)

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Elomar: “Ópera do Eremita”

Lauro Lisboa Garcia – ESPECIAL PARA O ‘ESTADO’

VITÓRIA DA CONQUISTA (BA) – O menestrel Elomar não dá entrevistas, não permite fotos, mora onde não mora quase ninguém, canta o que poucos de fora de sua galáxia entendem, virou mito no sertão baiano. Espécie de Quixote da Gameleira, trouxe para a música brasileira a poética do mundo medieval.

Lá na Casa dos Carneiros, seu refúgio silencioso, a 20 e poucos quilômetros de Vitória da Conquista, perto da divisa da Bahia com Minas, o ermitão arquiteto de quase 75 anos bancou do próprio bolso a construção do grande Teatro Domus Operae para montagens de óperas, com fosso de orquestra, palco aberto para a paisagem montanhosa que circunda uma de suas três fazendas e plateia com capacidade para acomodar cerca de 2 mil pessoas. (mais…)

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Empresa é flagrada envenenando árvore em Manaus

 

O flagrante foi feito durante uma fiscalização de rotina com a finalidade de verificar o licenciamento ambiental de empresas limpa-fossas em Manaus.

http://tvuol.uol.com.br/assistir.htm?video=empresa-e-flagrada-envenenando-arvore-em-manaus-04020E1B3368E4913326&tagIds=1793&orderBy=mais-recentes&edFilter=editorial&time=all&. Enviada por José Carlos para Combate ao Racismo Ambiental.

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MG – Moradores do Eliana Silva protestam contra o desligamento de luz

Álvaro Castro – Do Portal HD

Moradores da ocupação Eliana Silva, no Barreiro, entraram em choque com a Polícia Militar na tarde desta sexta-feira (14). O motivo da confusão: funcionários tercerizados da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) se deslocaram para o local para desligar a energia. O movimento de ocupação abriga cerca de mil pessoas, em um terreno do Estado de Minas Gerais. (mais…)

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Ana de Hollanda: “Ela pagou o pato”

João Paulo

A queda da ministra Ana de Hollanda, anunciada esta semana, e sua substituição por Marta Suplicy receberam uma análise quase unânime que levava em conta duas dimensões: em primeiro lugar, o enfraquecimento continuado da ministra, que começou praticamente com sua posse; em seguida, a escolha de uma aliada necessária na conjuntura eleitoral de São Paulo. Assim, Ana caía por seus defeitos gerenciais e por sua pouca significação política. O estopim que permitiu que o rastilho fosse aceso na falta de mérito da cantora e explodisse no colo da campanha eleitoral foi uma carta endereçada à ministra do Planejamento, Miriam Belchior, “vazada” pela imprensa, na qual Ana de Hollanda faz um diagnóstico do sucateamento dos prédios e outros recursos da pasta, inclusive o salário dos servidores.

Essa é uma análise pretensamente objetiva, que reúne elementos administrativos, políticos, técnicos e eleitorais. Parece ter consistência, já que, separadamente, cada ponto do argumento parece se sustentar. No entanto, por trás da demissão da ministra há muito mais. Como nos grande espetáculos, os bastidores são habitados por muito mais gente que no proscênio. A montagem da demissão da ministra tem muitos coadjuvantes e antagonistas. Muita coisa vai continuar nebulosa, muita informação ficará reservada, muitos atores vão preferir se fechar. No entanto, pelo menos no primeiro momento, a impressão que fica é que todos saem perdendo, inclusive os adversários de Ana de Hollanda.

Quando a ministra assumiu a pasta da Cultura o cenário era muito diferente do que sempre se viu no setor. Antecessor de Ana, Gilberto Gil (e depois Juca Ferreira) elevou a importância política do ministério, interna e externamente. Além de se tornar um setor estratégico, com grande expressão política, o Ministério da Cultura encerrou o governo Lula com orçamento significativamente maior e capacidade de ideação e implementação de políticas públicas até então inexistentes. A gestão de Gil e Juca consolidou um modelo, enfrentou interesses, descentralizou ações e investimentos, avançou no campo da economia da cultura, criou instrumentos populares de organização e formação de profissionais. (mais…)

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