“O marxismo no Brasil encontra-se hibernado na universidade”, diz sociólogo

Em um debate no simpósio “Esquerda na América Latina – Passado, Presente, Perspectivas”, que está ocorrendo na USP, Ricardo Musse, Paulo Arantes e Armando Boito Júnior analisaram a trajetória do marxismo no Brasil. “O marxismo brasileiro encontra-se hibernado na universidade, à espera de algum vínculo, algum agente social que possa levá-lo de volta à prática”, disse Ricardo Musse.

André Cristi

São Paulo – Centenas de pessoas presenciaram um debate, quarta-feira, na Universidade de São Paulo (USP), sobre a presença do marxismo no Brasil, uma atividade do simpósio Esquerda na América Latina – Passado, Presente, Perspectivas. Entre os presentes estavam Ricardo Musse, sociólogo uspiano que participa da elaboração do programa de governo de Fernando Haddad, o filósofo Paulo Arantes e Armando Boito Júnior, professor de Ciência Política da Unicamp.

Num auditório muito abafado, Ricardo Musse disse que, diferentemente dos anos entre a Segunda Guerra Mundial e o Golpe Militar, “o marxismo brasileiro encontra-se hibernado na universidade, à espera de algum vínculo, algum agente social que possa levá-lo de volta à pratica”. Armando Boito concordou que “o aparelho institucional marca o atual marxismo brasileiro, ele é dependente das universidades. A produção intelectual marxista brasileira poucas vezes é vinculada a partidos e sindicatos como na Europa”, afirmou. O cientista político disse ainda que o imenso número de novas publicações e as reedições de escritos clássicos reafirmam a valorização vivida pelo marxismo. (mais…)

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Falta vontade política em investigar incêndios nas favelas de São Paulo

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Incêndios em áreas valorizadas (democraciapolítica)

Essa é a opinião do coordenador da Central de Movimentos Populares (CMP), Benedito Barbosa, que trabalha junto de movimentos urbanos. Uma pesquisa aponta que grande parte dos incêndios foram em áreas onde crescem a valorização imobiliária.

Incêndios nas favelas da cidade de São Paulo não são fatos recentes. Porém, esse processo vem se intensificando de maneira acelerada nos últimos anos.

O estudo da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE) aponta, por exemplo, que a região em que está localizada a favela de São Miguel Paulista, incendiada no final de agosto, teve a maior valorização imobiliária da capital. Em apenas dois anos a alta foi de 214%.

A pesquisa da FIPE também revela que as áreas que possuem mais favelas são as que têm menos incêndios. Já na zona sul paulistana não houve nenhum incêndio. Essas áreas aglomeram mais de 21% das favelas da capital e são as mais desvalorizadas pelo mercado imobiliário. (mais…)

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Mãe Stella completa 73 anos de dedicação ao Candomblé

Por Denise Porfírio

Em setembro de 1939, Maria Stella de Azevedo Santos com então 14 anos, era iniciada em sua feitura no santo que representa ritual de iniciação no Candomblé, um renascimento onde tudo será novo na vida do yàwó. Neste momento, o iniciado receberá um nome pelo qual passará a ser chamado dentro da comunidade.

A cerimônia de feitura tem por característica o recolhimento de 21 dias de reclusão, onde a pessoa fica em retiro longe da vida profana e da família, devendo desligar-se de tudo e dedicar-se totalmente aos ritos de passagem – banhos, boris, oferendas, ebós,  rezas, danças,  cantigas e a raspagem dos cabelos (orô). Esse conhecimento só pode ser transmitido por um sacerdote iniciado na obrigação de Odu ijè.

Para saber se uma pessoa precisa ser iniciada ou não, o Babalorixá ou Iyalorixá consulta o jogo de búzios onde terá as respostas. A outra maneira é quando uma pessoa vai assistir à uma festa de candomblé e entra em transe profundo. Esse transe é chamado de “Bolar no Santo” é a declaração em público do Orixá que quer a iniciação de seu filho. (mais…)

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Quilombolas de Caetité na luta contra a instalação de parques eólicos

Quilombolas do município de Caetité – BA receberam no último domingo, 9/9, na comunidade de Malhada de Maniaçu representantes da Fundação Cultural Palmares – FCP, do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos – INEMA e da Secretaria de Promoção da Igualdade do Estado da Bahia – SEPROMI, para discutir o processo de autoidentificação quilombola que tramita na FCP. A pauta se estendeu para discussão sobre a instalação de empresas de energia eólica na região, como a EPP Energia, Polimix e Atlantic.

Em total desrespeito ao modo tradicional de vida destas comunidades, as empresas estão adquirindo terras de uso coletivo, realizando contratos de arrendamento que não resguardam os direitos fundamentais dos trabalhadores, pressionando para que os quilombolas assinassem como confrontantes da empresa, assediando moradores e lideranças com protocolo de intenção, dividindo assim as comunidades.

Estes quilombolas estão em processo de autoidentificação e a visita da FCP, através do seu representante Alexandro Reis, não animou os mais de 100 quilombolas presentes. Foi relatado pela FCP os direitos constituídos dos quilombolas; normativas que garante a permanência destas comunidades em seus territórios, como a Convenção 169 da OIT; a deficiência ou mesmo ausência de licenciamentos em áreas quilombolas que devem ser denunciados à Fundação, mas por fim se colocou favorável a esse tipo de desenvolvimento que vem atropelando o modo de vida destas comunidades. (mais…)

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Devemos celebrar o agronegócio e compartilhar o fogo e a destruição das florestas?

O agronegócio avança pela floresta, mesmo na região Norte, e no que resta do cerrado, agora no oeste da Bahia, sul do Piauí, no oeste do Maranhão e no Tocantins, área denominada de Mapitoba, e que já tem 3,3 milhões de hectares de soja, milho e algodão, contando apenas os três últimos. De janeiro até o dia 11 de setembro, o INPE registrou um total de 104 mil focos de incêndios, do Centro-Oeste à Amazônia. O artigo é de Najar Tubino.

Najar Tubino

O Brasil tropical chegou ao mês de setembro ardendo fogo para todo lado. Do centro-oeste à Amazônia, somando um total de 104 mil focos, no levantamento do INPE de janeiro até o dia 11. Muitos incêndios criminosos, como os que atingiram 110 áreas de conservação no país, incluindo o Parque Nacional do Xingu, o Parque Nacional do Araguaia e a Reserva Extrativista Chico Mendes. Nesse país, na hora em que a cotação da soja bate recorde, e uma saca de 60 kg é vendida a 32 a 33 dólares; a arroba do boi tem previsão de ultrapassar os RS100 em dezembro, o que significa R$l.700,00, por um boi de 17 arrobas, uma média nacional nos frigoríficos, a floresta queima como no século XIX.

O historiador carioca José Pádua relata em um livro chamado “Um sopro de destruição”, a tecnologia do machado e do tição para implantar uma agricultura ineficiente, baseada na escravidão. Queimava-se o mato e quando não produzia mais e as formigas tomavam conta, queimava-se novamente, em outra área. O próprio José Bonifácio, em um texto para a Assembleia Constituinte de 1823, fala que o Brasil poderia se nos transformar “paramos e desertos da Líbia em dois séculos”, se continuasse a queimar as florestas daquela forma. (mais…)

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PF combate extração ilegal de madeira no Maranhão

PF combate extração ilegal de madeira no MaranhãoSão Luis/MA – A Polícia Federal realizou, nos dias 12 e 13/9, ação de combate à extração ilegal de madeira em terras indígenas no município de Maranhãozinho/MA, como resultado da Operação Arco de Fogo.

A ação resultou na prisão em flagrante de dois motoristas de caminhão e de quatro seguranças que atuavam ilegalmente nos dois locais, e na apreensão de um revólver, um caminhão que transportava aproximadamente 6m³ de madeira extraída de forma ilegal, correntes que bloqueavam a entrada dos locais e fichas/tickets que eram obtidos na Prefeitura de Maranhãozinho/MA para permitir a entrada controlada dos caminhões nas referidas localidades.

A investigação partiu de informações obtidas por equipes da Operação Arco de Fogo no final de 2011, de que a prefeitura do município estaria cobrando “pedágio” para que caminhões de transporte de madeira entrassem nas terras indígenas de Alto-Turiaçu, de onde era extraída ilegalmente madeira em tora de árvores nativas de diversas essências.

Todos foram autuados em flagrante pelos crimes de transporte ilegal de madeira, furto de patrimônio da União e formação de quadrilha, e encaminhados para a carceragem da Polícia Civil do município de Governador Nunes Freire/MA, onde permanecerão custodiados à disposição da Justiça Federal.

Será concedida entrevista coletiva às 14h30 na sede da Superintendência Regional da PF no Maranhão, localizada na Avenida Daniel de La Touche, nº 4000, Bairro Cohama, em São Luís.

Enviada por José Carlos para Combate ao Racismo Ambiental.

http://www.dpf.gov.br/agencia/noticias/2012/setembro/pf-combate-extracao-ilegal-de-madeira-no-maranhao

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O protesto do Rodoanel e o sentido do interesse público

Leonardo Sakamoto

Um protesto por moradia fechou, por cerca de meia hora, a pista do Rodoanel, sentido Anhanguera-Bandeirantes, na manhã desta sexta (14), em Osasco, Grande São Paulo. Vi a notícia na TV pelo telejornal da manhã e fiquei surpreso. Não pela cobertura do congestionamento, que foi longa e bem feita: as barricadas de pneus, madeira e fogo que fecharam a pista, os reflexos a quem chegava ou saía de São Paulo por diversas rodovias interligadas ao Rodoanel, os quase dez quilômetros de filas. Mas não havia na reportagem uma explicação decente de quem eram aquelas pessoas ou o que reivindicavam de verdade. Tive que correr para a internet para tentar entender um pouco mais.

O que não é novidade. Na lista de prioridades das coberturas de TV, congestionamentos ficam em primeiro plano. Colocam depoimentos de motoristas reclamando que perderam a hora para alguma coisa, xingando os “baderneiros”, mas não se escuta devidamente os manifestantes. Eles aparecem na tela para mostrar a causa do “drama” e desaparecem quando já serviram ao seu propósito.

Isso poderia servir de link para, ao longo do dia, em outros telejornais, serem convidados especialistas para discutirem a questão da moradia na cidade – que possui milhares de imóveis vazios, inclusive do poder público, enquanto um exército submora. Mas isso não vai ocorrer. Talvez um coronel da PM será chamado para contar como a corporação pretende evitar novos atos como esse criando um sistema como o do filme Minority Report… Ouvi um oficial da polícia dizendo, dia desses, que era necessário usar da força para coibir essas manifestações que travam o trânsito. Mal sabe ele que, ao fazer isso, só aumenta a revolta e, portanto, o número de protestos que criarão outros transtornos ao restante da cidade. (mais…)

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Sob a batuta da mudança

Por Igor Fuser, na Revista do Brasil

A Virada Cultural, em Caracas, se chama Rota Noturna e ocorre uma vez por mês. Em julho, bandas de rock, reggae, salsa e outros ritmos embalaram milhares de jovens em pontos espalhados por todo o centro histórico, numa festa que só terminou ao amanhecer. Na edição seguinte, em agosto, a virada caraquenha teve como foco os museus, que ficaram abertos a noite inteira, oferecendo a um público de todas as idades recitais de música e poesia.

Para o visitante brasileiro, submetido ao bombardeio de grande parte da imprensa comercial sobre os horrores da “ditadura chavista”, Caracas é uma agradável surpresa. A população desfruta como nunca do espaço urbano, que vem sendo recuperado depois de décadas de abandono.

Como em qualquer metrópole da América Latina, o contraste social na capital venezuelana é dramático. Situada num estreito vale, com 20 quilômetros no sentido leste-oeste e apenas 4 no eixo norte-sul, a cidade é rodeada por favelas. Nos bairros chiques há mansões suntuosas, várias delas com campos particulares de golfe, luxo incomum no Brasil. Lá moram os donos das fortunas acumuladas graças à renda do petróleo – uma riqueza fabulosa, da qual o povo até recentemente só recebeu as migalhas. (mais…)

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México: Indígenas Wixárikas de Teponahuaxtlán rechazan minería en sus territorios

Servindi, 14 de setiembre, 2012.- La comunidad wixárika (huicholes) de San Sebastián Teponahuaxtlán le dijo nuevamente no a la minera en su territorio, luego de formar parte de una asamblea en la que trataron, entre otros temas, la forma cómo las empresas mineras presionan a las comunidades indígenas para que cedan sus territorios para la extracción.

La asamblea en la que participaron cerca de dos mil comuneros se desarrolló en la explanada de la Mesa del Tirador en el límite entre los estados de Jalisco y Nayarit. Allí los comuneros denunciaron los mecanismos que vienen utilizando las empresas mineras para poder establecerse en la zona.

Manifestaron que la presión de las empresas es progresiva y que ya en un caso las mineras canadienses ofrecieron 30 millones de pesos a la asamblea y 10 millones más al comisario de bienes comunales para permitir la exploración del territorio y el establecimiento de minas. (mais…)

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