A ordem agora é criminalizar o Xingu Vivo

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“Tudo pode ser manipulado, e falseia o explorador.
Vê o seu lucro ameaçado, e é capaz do vil terror.
No laranjal o malandrino, infame pra Mídia filmar.
Sem Terra povo do Divino, igualdade e o libertar”.
(A poesia do Sem Terra – Azuir Filho)

Dion Marcio C. Monteiro[1]

As elites econômicas sempre desenvolveram precisas táticas e estratégias para manter seu status quo quando algum fato os ameaça. A aliança entre o executivo, o judiciário e os veículos de comunicação, de propriedade destas mesmas elites, sempre foi um dos recursos mais utilizados. Ontem foi escrito mais um capítulo desta infame história.

Logo no dia seguinte a um dos canteiros da usina de Belo Monte ter sido ocupado pelos povos do Xingu, alguns veículos de comunicação, historicamente defensores dos grandes grupos econômicos, e apoiadores de golpes militares, estão tentando vincular uma suposta invasão e depredação ocorrida no prédio da Norte Energia S.A. (NESA), em Altamira, com a pacífica manifestação realizada no dia anterior por indígenas, pescadores, ribeirinhos, agricultores, quilombolas, ativistas sociais, trabalhadores rurais e moradores das cidades impactadas por esta hidrelétrica.

É o caso da filial da Rede Globo de televisão no Pará, emissora que até então ainda não havia falado sobre a ocupação do canteiro. A TV Liberal foi a primeira a noticiar a invasão e depredação do prédio administrativo da NESA, mostrando a imagem do boletim de ocorrência feito pela empresa, e acentuando que a policia de Altamira já estava procurando identificar os responsáveis pela ação. O detalhe é que mesmo ainda estando o suposto caso em investigação, a ação foi apresentada como “realizada por movimentos sociais contrários a construção de Belo Monte”. (mais…)

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Rio+20: Google Earth lança “mapa cultural” de indígenas da Amazônia

Participaram do lançamento a engenheira do Google Earth, Rebeca Moore, e membros da tribo Suruí, incluindo o cacique Almir (abaixo, à esquerda). Foto: Vanderlei Almeida/AFP

O Google colocou em seu serviço de mapas a etnia indígena Suruí, que habita no coração da Amazônia brasileira, e lançou neste sábado uma plataforma que mostra os traços culturais desta comunidade ameaçada pelo desmatamento. Representantes do Google e indígenas suruí apresentaram o projeto – o primeiro desse tipo – durante o fórum empresarial paralelo à conferência Rio+20.

“Isso é algo único, representa toda uma nova etapa para o Google”, explicou à imprensa Rebeca Moore, engenheira do Google Earth e líder do projeto. “É uma grande emoção mostrar nossa cultura ao mundo”, celebrou cacique Almir, chefe dos Suruís. (mais…)

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RIO + 20 e o Racismo Ambiental

Patrícia B. Rodrigues Witt*

Mediante conceitos vem a ser quaisquer injustiças sociais e ambientais que recaem de forma implacável sobre etnias e populações mais vulneráveis. O Racismo Ambiental não se configura apenas através de ações que tenham uma intenção racista, mas, igualmente, através de ações que tenham impacto “racial”, não obstante a intenção que lhes tenha dado origem.

“(…) O conceito de Racismo Ambiental nos desafia a ampliar nossas visões de mundo e a lutar por um novo paradigma civilizatório, por uma sociedade igualitária e justa, na qual democracia plena e cidadania ativa não sejam direitos de poucos privilegiados, independente-mente de cor, origem e etnia” (Pacheco: 2007). O Racismo Ambiental, ainda muito presente na contemporaneidade, de forma “seleta” exclui os menos favorecidos. Num exemplo comum, os “pobres” são os maiores números de excluídos, incluindo-se raças e populações tradicionais.

De acordo com a Constituição Federal de 1988, Artigo 225, destaca-se que o meio ambiente é direito de todos, bem comum das atuais e futuras gerações, sendo este um dever de todos zelar e proteger os recursos da natureza. Cabe salientar que a política Brasileira em sua Constituição é clara, e não há caráter excludente entre raça ou cultura, e sim  uma nação. (mais…)

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Alexandre Anderson: Luta para conseguir pescar no Rio de Janeiro

Alexandre recebeu a medalha em palestra que apresentava sobre a despoluição da baía | Foto: Alexandre Brum / Agência O Dia

Batalha pela recuperação da Baía de Guanabara fez pescador sofrer ameaças de morte. Incluído em programa nacional de segurança, ele continua a defender a natureza

Por Cristine Gerk

Rio –  Defensor da Baía de Guanabara, Alexandre Anderson, 41, não se importa em sacrificar sua vida pelo que acredita. Mesmo incluído no Programa de Proteção aos Defensores dos Direitos Humanos da Presidência da República após sofrer ameaças de morte, segue decidido em sua luta para que a exploração da baía seja sustentável e não mine a atividade pesqueira. O presidente da Associação Homens do Mar (Ahomar) é reconhecido por várias entidades internacionais e nacionais e foi homenageado duas vezes na Rio+20 essa semana, pela Alerj e a ONU.

Por sua coragem e determinação, Alexandre recebeu de O DIA a 52ª medalha Orgulho do Rio, cedida para pessoas que contribuem para uma sociedade melhor: “Agradeço em nome de milhares de famílias que depositam confiança na militância”.

Alexandre pescava na baía em embarcação artesanal desde 1998. Em 2000, vazamento de óleo da Petrobras, estimado em 1,3 milhão de litros, nas águas da Guanabara. Em 2003, ele e 10 lideranças de áreas banhadas pela baía criaram a Ahomar, em Magé, com 3 mil associados. O objetivo é ‘ressuscitar’ a baía para a pesca e conseguir indenização aos pescadores. (mais…)

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“Aqui nada dessa tal de Rio+20…isso é Rio menos vinte”

O Vigário Geral e o Complexo da Penha, as duas favelas que visitamos acompanhados por militantes sociais na sexta-feira, estão longe dos olhares das dezenas de milhares de estrangeiros que chegaram para participar da Cúpula dos Povos e da Conferência sobre Desenvolvimento Sustentável organizada pela ONU. “Desenvolvimento Ambientalmente Sustentável?”, provoca JR enquanto me mostra as águas negras e pestilentas do rio Pavuna, que diariamente verte milhões de litros de detritos sobre a Bahia da Guanabara. 

Dario Pignotti

Rio de Janeiro – “A cidade ecológica da Rio+20, que tanto propagandeiam para o resto do mundo nas campanhas de marketing, nós não vemos aqui. A Rio+20 não passa pelas comunidades do Rio, aqui no Vigário Geral ainda esperamos que construam a rede de esgoto, aqui nada dessa tal de Rio+20, isto é Rio 0,02… as comunidades estão esquecidas, isto é Rio menos Vinte”. Assim resume o líder comunitário JR, da Associação de Moradores do Vigário Geral, o que se observa ao percorrer esta favela pobre carioca, de onde se vê passar os aviões de empresas aéreas estrangeiras que pousam no aeroporto Internacional Tom Jobim, muito próximo daqui a Ilha do Governador.

O Vigário Geral e o Complexo da Penha, as duas favelas que visitamos acompanhados por militantes sociais na sexta-feira, estão longe dos olhares das dezenas de milhares de estrangeiros que chegaram para participar da Cúpula dos Povos e da Conferência sobre Desenvolvimento Sustentável organizada pela ONU. “Desenvolvimento Ambientalmente Sustentável?”, provoca JR enquanto me mostra as águas negras e pestilentas do rio Pavuna, que diariamente verte milhões de litros de detritos sobre a Bahia da Guanabara. O cheiro é nauseabundo do alto da ponte que une a cidade do Rio de Janeiro com o município de Duque de Caxias.  (mais…)

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A arrogância dos bancos, segundo o J.P. Morgan

Mauro Santayana

Em seu editorial de ontem, o New York Times trata do depoimento do banqueiro Jamie Dimon, o todo poderoso presidente do J.P.Morgan, ao Comitê de Bancos do Senado norte-americano, a propósito do sistema financeiro de seu país. Depois de admitir erros fatais na ação de sua empresa, Dimon foi mais longe, dizendo que os chamados bancos grandes demais para falir têm aspectos negativos, como “ganância, arrogância, insolência, e falta de atenção com os detalhes”.

Dimon é um dos heróis maiores de nossos tempos neoliberais. Aos 56 anos, filho e neto de operadores no mercado de capitais,  fez  carreira sucessiva nas principais instituições financeiras norte-americanas, até chegar ao topo do J.P.Morgan em 2006, aos 50 anos. Ligado ao Partido Democrata, é visto como amigo de Obama, e o seu nome foi cogitado para ser o Secretário de Tesouro do atual presidente.

O New York Times registra que, apesar de seus reparos, Dimon repele qualquer regulamentação do sistema e se opõe até mesmo aos frágeis controles propostos por Paul Volcker, quando presidente do FED. (mais…)

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