Davi Kopenawa Yanomami visita os Mbyá-Guarani no Rio Grande do Sul

Davi Kopenawa, Cacique Cirino e Maurício Ye’kuana, na aldeia Tekóa Anhetenguá

Alguns dias antes de a homologação da Terra Indígena Yanomami completar 20 anos, Davi Kopenawa esteve no Rio Grande do Sul visitando os Mbyá-Guarani, povo indígena que ainda luta pelo reconhecimento de seus direitos e pela retomada de suas terras

O presidente da Hutukara Associação Yanomami (HAY), Davi Kopenawa, esteve Rio Grande do Sul entre 12 e 17 de maio. Acompanhado do vice-presidente da HAY, Maurício Ye’kuana, Davi participou de eventos sobre a questão indígena e realizou visitas a uma aldeia e dois acampamentos Mbyá-Guarani na cidade de Porto Alegre e na BR-116.

Com poucas áreas demarcadas, a maioria dos Mbyá-Guarani ainda vive sem terra em meio a seu território tradicional, tendo no artesanato sua principal fonte de subsistência. Esse produto é, em geral, comercializado nas cidades ou na beira de estradas, entre as pistas e as cercas das propriedades rurais.

No dia 13, Davi e Maurício visitaram a aldeia Mbyá-Guarani “Tekoá Anhetenguá” (“Aldeia Verdadeira”), situada na Lomba do Pinheiro, região metropolitana de Porto Alegre, com menos de 10 hectares de extensão. Ambos foram recebidos pelo cacique José Cirino Morinico, com quem conversaram e trocaram experiências sobre os desafios enfrentados pelos Guarani, Yanomami e Ye’kuana, povos que sofreram em momentos diferentes da história do Brasil os impactos e as pressões dos colonizadores sobre seus territórios.

Davi contou ao cacique um pouco da história de sua luta pela demarcação da terra Yanomami e demonstrou apoio à causa dos Mbyá-Guarani:”Nós, indígenas do Brasil, somos um só povo, nós somos todos irmãos. Nós ainda estamos vivos por que nosso sangue é forte. Por isso temos que fazer uma união, fazer força e reivindicar junto ao governo a devolução das terras Mbyá-Guarani”, disse Davi Kopenawa. depois convidou Cirino a participar da Assembleia dos 20 anos da Homologação da Terra Indígena Yanomami, que será realizada na aldeia do Demini, entre 15 e 20 de outubro deste ano.

No dia 14/05, após participar do “Conversas afirmativas”, evento organizado pela Universidade Federal o Rio Grande do Sul (UFRGS), as lideranças da HAY seguiram de Porto Alegre para Pelotas. Acompanhados por Maurício Gonçalves, presidente do Conselho de Articulação dos Povos Guarani do Rio Grande do Sul (CAPG-RS), Davi e Maurício visitaram dois acampamentos Guarani à beira da BR-116. Essas famílias estão sendo ameaçadas de expulsão por conta da duplicação da estrada. Após laudo antropológico o DNIT, órgão responsável pela obra, firmou acordo de reassentamento dessas famílias em outras terras que seriam adquiridas para fins indenizatórios. Porém, esses acordos não estão sendo cumpridos e as lideranças reclamam da ausência de diálogo do DNIT com as comunidades Mbyá-Guarani. Além disso, os índios reivindicam a abertura de GT’s (Grupos Técnicos) da FUNAI para o estudo e demarcação das terras Mbyá-Guarani no Rio Grande do Sul.

Em meio a essas visitas, Davi Kopenawa e Maurício Ye’kuana participaram ainda do II Fórum da temática indígena, na Universidade Federal de Pelotas (UFPel), e do Primeiro Fórum Nacional da educação Indígena, na Fundação Universidade de Rio Grande (FURG). Esses eventos contaram ainda com a presença de lideranças Guarani, Kaingang, Charrua e Xokleng, etnias que vivem no Estado do Rio Grande do Sul.

Foi a primeira visita de Davi ao sul do Brasil, e desse contato ficou o desejo de que futuramente hajam outros intercâmbios entre os Guarani, os Kaingang e os Yanomami e Ye’kuana.

(Com informações de Pablo Albernaz)

http://www.socioambiental.org/nsa/detalhe?id=3566

Enviada por Ro’otsitsina.

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