Por Fátima Mello, da FASE e do Comitê Facilitador da Sociedade Civil para a Cúpula
A Cúpula dos Povos Por Justiça Social e Ambiental – que acontecerá entre 15 e 23 de junho, em paralelo à Rio +20 – tentará enfrentar pelo menos três grandes desafios: em primeiro lugar, fazer a disputa política de sentido e conteúdos frente à Conferência Oficial da ONU, de maneira a denunciar o que a Cúpula dos Povos denomina de falsas soluções, dando visibilidade às alternativas que grupos e movimentos sociais organizados levam a cabo em muitos lugares do mundo. Ao mesmo tempo, o encontro tentará incidir no processo oficial, afirmando posições e contra-propostas frente às negociações desenvolvidas no Riocentro com o objetivo de tensionar e deslegitimar resoluções contrárias aos direitos e à justiça social e ambiental.
O segundo desafio reside na produção de convergências de movimentos locais e globais, através da aprovação de campanhas, mobilizações e agendas de lutas que articulem um novo ciclo de mobilizações dos movimentos sociais a partir de alguns pontos de unidade. Esse é um desafio que diferencia a Cúpula dos Povos do processo Fórum Social Mundial: a tentativa é de construir diálogos e alianças entre setores e temas que não costumam se encontrar e, a partir desses diálogos, acordar posições, agendas e lutas comuns.
O terceiro desafio será tentar dialogar mais amplamente com a sociedade, apresentando à opinião pública as visões e propostas da Cúpula dos Povos – através de mensagens que se articulem com o dia-a-dia da população e com a agenda em negociação. Para tal, serão realizadas atividades com caráter demonstrativo, pedagógico, simbólico, cultural, de formação e mobilização, voltadas ao amplo público que irá ao Aterro do Flamengo, um espaço aberto à visitação. O desafio será ganhar corações e mentes com atividades que apresentem nossas propostas de agrocecologia, sistemas agroflorestais, economia solidária, soberania energética e alimentar, entre muitas outras.
Todos os desafios serão enfrentados em uma programação que inclui uma combinação de diferentes níveis de atividades, a começar pelas ações auto-gestionadas (que na Cúpula dos Povos serão estimuladas a serem inscritas por coletivos – as inscrições serão abertas em breve). Ainda haverá um incentivo para que essas atividades convirjam com outros temas e setores nas chamadas Plenárias de Convergência Pré-Assembléia.
As Plenárias serão organizadas segundo cinco temas agregadores:
1 – Direitos por Justiça Social e Ambiental -> trabalhará as convergências entre as atividades e setores ligados a lutas por Direitos Humanos, Coletivos e Territoriais; Direitos à Terra, à Cidade e à Água; Direitos Étnicos; Direitos das Mulheres; Direitos Ambientais, da Natureza, da Madre Tierra; Direito à Vida; Combate ao Racismo, à Desigualdade e à Injustiça Ambiental; Afirmação dos DHESCA, Justiça Ambiental e Justiça Climática.
2 – Defesa dos Bens Comuns Contra a Mercantilização -> trabalhará as convergências entre as atividades e setores ligados a lutas pela recuperação dos bens comuns materiais e imateriais, terra/territórios, água, biodiversidade, ar/clima, espaços públicos, sistemas agroflorestais e necessidade de políticas públicas, conhecimento, cultura, saber popular e tradicional, comunicação.
3 – Soberania Alimentar -> trabalhará as convergências entre as atividades e setores ligados às lutas da agricultura familiar e camponesa, agroecologia, sementes, relação campo-cidade, agricultura urbana e agroenergia, debatendo propostas baseadas em experiências alternativas e posicionando-se criticamente em relação aos monocultivos e impactos sociais e ambientais dos agrotóxicos e transgênicos.
4 – Energia e Indústrias Extrativas -> trabalhará as convergências entre as atividades e setores ligados às lutas relacionadas à mineração e às indústrias extrativas, aos megaprojetos, à infra-estrutura, à militarização, aos combustíveis fósseis e Agrocombustiveis, aos monocultivos, à energia nuclear, às grandes barragens, à soberania energética e à descentralização da geração e distribuição de energia. É preciso questionar: energia para quê e para quem?
5 – Trabalho: Por uma Outra Economia e Novos Paradigmas de Sociedade -> trabalhará as convergências entre as atividades e setores ligados à crise global e às lutas de resistência contra a perda de direitos e contra a mercantilização da natureza. Defenderá o trabalho decente e questionará a divisão sexual do trabalho. Debaterá propostas alternativas como a economia solidária, o cooperativismo e as novas políticas habitacionais e urbanísticas, de saneamento e de transporte coletivo. Colocará em xeque o modelo de produção e consumo, as políticas para saúde, educação e migrações, a governança e a captura do capital e do sistema financeiro sobre as instituições e a política. Serão debatidos os novos valores e paradigmas de sociedade: desenvolvimento / des-desenvolvimento; Buen Vivir; decrescimento; bens comuns; direitos coletivos, economia da reciprocidade e do cuidado.
As plenárias serão momentos de preparação para a Assembléia dos Povos, organizados em torno de três eixos:
1) causas estruturais das crises e as falsas soluções;
2) nossas soluções e propostas;
3) agenda de mobilizações e lutas.
Em torno destes temas agregadores – expressões de possíveis unidades em meio à diversidade – será possível consolidar posições e emitir mensagens com contra-propostas à conferência oficial.
Enviada por Julianna Malerba.
Gostaria de conhecer a letra e a tradue7e3o da mfasica Shosholoza que faz parte da trliha sonora do filme Invictus. Se algue9m souber, por favor me mande.Desde je1 agradee7o.Estive na c1frica em novembro do ano passado. Fiz um trabalho de arteterapia com pessoas de uma comunidade em Moe7ambique e voltei apaixonada por tudo o que diz respeito a esse povo e a essa terra.Jussara.