Interesse de empresas de mineração em terras indígenas tende a crescer

Banco de dados sobre situação das terras indígenas está disponível sem site lançado pelo Instituto Socioambiental

Terra Indígena Yanomami, em Roraima, constantemente invadida por garimpeiros (Divulgação/Hutukara)

Elaíze Farias

Terras indígenas dos povos Yanomami, Waimiri-Atroari, Mundurucu e os mais de 20 que vivem na região do Alto Rio Negro, no Amazonas, estão entre as dez da Amazônia Legal com maior número de processos de mineração por faixa de área requerida.

O levantamento, com gráficos e dados detalhados, faz parte do banco de dados públicos que o Instituto Socioambiental (ISA) lançou nesta segunda-feira (19). Os dados estão disponíveis do site de Olho nas Terras Indígenas.

As informações têm como base o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). A compilação leva em conta a incidência de requerimentos sobre as TIs. A última atualização foi realizada em setembro de 2010.

O indicador sobre mineração aponta uma tendência que pode ganhar força em 2012: a flexibilidade da exploração e comercialização de minérios nas terras indígenas. Esta tendência se constitui numa ameaça às terras indígenas segundo a antropóloga Majoí Gongora, uma das pesquisadoras da equipe do ISA que elaborou o banco de dados.

“Foi instalada uma comissão no Congresso Nacional para discutir sobre o assunto. Há interesses muito claros de grandes empresas pela liberação da exploração da mineração”, disse Majoí em entrevista ao portal acrítica.com.

Ela destacou que um dos principais alvos desse interesse é a terra do povo yanomami onde incidem 790 processos minerários não apenas das grandes interesses minerários mas também do garimpo ilegal.

“Se a gente pensar que a terra dos yanomami, apesar da proibição, há mais de 20 anos vem sofrendo de forma crônica com a invasão de garimpeiros ilegais, se esta for aprovada a ameaça vai aumentar”, comento.

O item sobre mineração é apenas uma das inúmeras fontes de informações que o ISA coloca à disposição do público.

O site reúne dados sobre desmatamento, invasões, situação jurídica, processo demarcatório, violência e projetos desenvolvidos para as áreas.

O item no qual informa as dez Terras Indígenas na Amazônia Legal com maior número de ocorrências de violência contra a comunidade aponta que a campeã é Raposa Serra do Sol, em Roraima. No Amazonas, a TI que está nesta condição é o Alto Rio Negro.

“O site é um painel que reúne informações que o ISA já vem organizando há muitos anos na forma de banco de dados. Ele passará a ser atualizado periodicamente a partir de pesquisas diárias que a gente realiza. Não é um painel acabado, mas um material dinâmico”, explicou Majoí.

Ao todo, o site reúne informações sobre os 238 povos indígenas que vivem em 669 Terras Indígenas, somando uma população de cerca de 560 000 pessoas.

http://acritica.uol.com.br/amazonia/Amazonia-Amazonas-Manaus-Interesse-empresas-mineracao-indigenas-crescer_0_611939007.html

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