Com cabeça à prêmio, Raimundo Belmiro responsabiliza Belo Monte por ameaça de morte

Por Xingu Vivo

O seringueiro Raimundo Belmiro responsabiliza a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte pela ameaça de morte que vem recebendo de madeireiros que invadiram a reserva Riozinho do Anfrisio, onde mora . “Eu sou ameaçado. Meu tio Herculano é ameaçado. Uma hora eles [os pistoleiros] chegam até onde nós estamos… Você sabe. E tudo isso aí vem por conta da construção de Belo Monte”.

Principal liderança extrativista da região, Raimundo avalia que o governo não está fazendo nada para proteger os defensores da floresta do madeiramento ilegal.

“Eu já havia dito ao governo que a construção de Belo Monte traria muitos impactos”, recorda Belmiro. “Aí eles falaram pra mim: a água não vai afetar a Resex”. “Eu não estou falando de água”, respondeu ao governo. Raimundo se referia às invasões e às ameaças que aconteceriam dentro da Resex – e se tornaram realidade.

“Eles estão todos dentro da reserva, estão tirando madeira, nos ameaçando, abrindo estrada”, explica. A construção da barragem teria aumentado a especulação da area pelo madeiramento ilegal, o trânsito, a pressão – e também a demanda pela madeira.

“Você sabe: quanto mais a construção da barragem avançar do jeito que está , mais vamos ver os impactos: invadem a Resex, invadem tudo”. comenta. A tendência é que este cenário piore, na medida em que avance a obra – e a responsabilidade em fiscalizar e coibir as consequências é do poder público.  “Se o governo não assumir essa responsabilidade, vai ter mais problema. Eu já falei isso. E se ninguém tomar providências hoje, agora, lá no Riozinho do Anfrísio, a primeira Resex do Brasil, vai acontecer uma tragédia”, apela.

Não só as condicionantes não estão sendo cumpridas – sequer o governo está garantindo a segurança da Reserva onde vive. Para o extrativista, uma política de proteção combinada do governo, entre Ibama, ICMBio e Exército ajudaria. “Se tivesse proteção do governo, eu tenho certeza de que eles iriam embora – e quem não fosse, eles [Exército, ICMBio] pegariam”, explica.

Raimundo conversou pessoalmente com representantes da Secretaria Geral da Presidência, e também expôs estas opiniões na última reunião do Comitê Gestor do Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Xingu (PDRS-Xingu). Também conversou com trabalhadores do ICMBio, por telefone e pessoalmente. Até agora, nada foi feito. Raimundo continua à própria sorte. “Minha proteção é Deus”, ele conclui – e logo depois retifica, discordando de si próprio.

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