BA – CPT informa sobre o enterro de Leo e o clima em Monte Santo e Mandassaia

Leonardo de Jesus Leite – assassinado na noite do dia 6, terça-feira – foi enterrado ontem, na Comunidade de Mandassaia, município de Monte Santo. Mais de 300 pessoas estiveram presentes, incluindo representantes dos assentamentos e acampamentos da região de Cansanção, Itiúba, Bonfim e Pindobaçu. Da própria comunidade, muitos não compareceram, pois o clima geral é de medo, desde a noite do crime.

Leonardo fazia parte de um grupo de trabalhadores rurais que há mais de dez anos luta pela desapropriação da Fazenda Jiboia, no município de Euclides da Cunha. Nos últimos 15 dias, ele vinha sendo ameaçado por pistoleiros que atuam na região de Monte Santo, contratados por um grupo de fazendeiros.

Segundo informações da família, Leo passou as duas noites anteriores na casa do sogro. Na noite do dia 6, entretanto, resolveu dormir em casa, pois deveria sair às 4 horas da manhã para Salvador. Tudo indica que ele estava sendo vigiado de perto e/ou que a conversa vazou. Assim que a família chegou em casa, os matadores primeiro bateram na porta da frente e, em seguida, rodearam e derrubaram a porta dos fundos. Leo foi agarrado e arrastando até o quintal, onde foi baleado na cabeça. Os jagunços fugiram num carro siena preto.

Hoje haverá uma reunião com a família de Leo, a CPT e o Movimento dos Acampados e Assentados, para decidirem quanto às providências a serem tomadas, já que o clima na cidade de Monte Santo é bastante tenso em relação aos sem-terra.

Segundo a Coordenação Regional do Movimento de Trabalhadores Acampados e Assentados (CETA), há muitos anos “um grupo de fazendeiros age em quadrilha no município, perseguindo e matando todo cidadão que ousa se insurgir contra o latifúndio e contra seus desmandos de corrupção e roubalheira. As autoridades públicas (Poder Judiciário, Polícia Civil, Ministério Público, INCRA, Ouvidoria Agrária e outros) estavam cientes das ameaças e sabem quem são estes “fazendeiros”. No entanto, nada fizeram!”

Os assentamentos presentes ao enterro assumiram o compromisso de fazer uma campanha para arrecadar alimentos e dinheiro para ajudar a família, até que se resolva a situação em termos de auxílio da previdência social. Mais que isso, entretanto, sua reivindicação maior é bastante clara: “Queremos justiça!”.

Tania Pacheco, com base em informações enviadas por Célio, da CPT/Bonfim, via Ruben Siqueira.

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