Movimento de combate à impunidade ganha ruas e internet

Redes sociais expõem indignação com a rejeição do pedido de cassação de Jaqueline Roriz. Passeata é marcada para o dia 7

Maria Clara Prates

A rejeição pela Câmara dos Deputados do pedido de cassação da deputada Jaqueline Roriz (PMN/DF) – flagrada em 2006 recebendo propina de Durval Barbosa, personagem central do esquema do mensalão – causou uma onda de protestos desencadeada pelo cidadão comum, artistas, escritores e movimentos sociais que invadiu as rede sociais e vai chegar às ruas do país.

Com o sinal de alerta aceso, o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), responsável pela luta para aprovação Lei Ficha Limpa, quer impulsionar ainda este mês uma campanha em defesa da reforma política. Pela rede social, está sendo organizada também  já para o dia 7, passeata contra a absolvição da deputada federal, em Brasília, partindo da porta do Museu Nacional.

O coordenador em Minas do MCCE, Anivaldo Matias de Souza, disse que mais uma vez ficou evidente a necessidade de se discutir a forma de financiamento de campanha política no país como instrumento de combate à corrupção. “O financiamento privado resulta nisso. Paga-se pela eleição de um deputado e depois se apresenta a conta. Ninguém faz nada de graça”, defende. Segundo Matias de Souza, o episódio da absolvição evidenciou ainda mais o corporativismo dos políticos e a falta de compromisso com os eleitores. Com a mesma insatisfação, Carolina Abreu, do conselho diretor da Associação da Democracia Ativa , disse que o episódio reforça a descrença popular em relação à política formal. “A absolvição é um retrocesso no processo de controle social do poder público e deve funcionar como um detonador da luta pela democracia”, diz.

No mesmo tom de indignação, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil em Minas Gerais (OAB/MG), Luís Cláudio Chaves, atribuiu a absolvição da deputada Roriz à votação secreta do pedido de cassação. “O voto secreto esconde a real intenção do votante”, diz, frisando que na autarquia os processos disciplinares têm votação  aberta. Chaves defendeu a participação popular nas corregedorias internas. “O episódio reforça a tese de que deputados que julgam deputados não têm a isenção necessária”, conclui.

No cenário de descrença, se tenta também  fazer do limão uma limonada. No microblog Twitter, o apresentador Luciano Hulk deu seu conselho: “Pesquise se o deputado em quem você votou está  acobertando corruptos. Se ele votou a favor de Jaqueline Roriz, reclame aqui e não vote mais nele”. Batendo na mesma tecla, o cantor e compositor Leo Jaime desabafou: “Os 265 deputados que votaram por Jaqueline Roriz teriam coragem de declarar seus votos? Mostrem a sua cara! Queremos saber quem são!!!.”.

Muitos querem mesmo conhecer a cara daqueles que mantiveram a cadeira de Jaqueline Roriz. O cidadão Marcelo Araújo também deixou  seu recado na internet, no site do em.com.br. “É o fim do mundo. Nós, mineiros, precisamos saber quem foram os deputados favoráveis (…). Acorda Brasil, o que é isso?”. Para Claudimar Bernardo da Silva, a absolvição é um “tapa na cara”. “Mais uma vez vamos ser chacota do resto do mundo, mas cada um tem os governantes que merece. Gostaria tanto que a indignação que o brasileiro tem com o jogador de seu time que faz corpo mole fosse a mesma para com os políticos desonestos!”.

http://www.em.com.br/app/noticia/politica/2011/09/01/interna_politica,248185/movimento-de-combate-a-impunidade-ganha-ruas-e-internet.shtml#.Tl9_j4q6jmA.email

 

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