Marcha indígena celebra um ano do caso Bagua

Karol Assunção *

Adital – Dando continuidade às ações de celebração do primeiro ano dos acontecimentos de Bagua, comunidades e povos indígenas peruanos realizam, na tarde de hoje (8), uma Marcha Andino-Amazônica. Os participantes sairão às 15h (17h, no horário de Brasília) da Praça San Martín, no centro de Lima, rumo ao Museu da Nação, em San Borja, onde acontece a 40ª Assembleia Geral da Organização de Estados Americanos (OEA).

De acordo com a Confederação Nacional de Comunidades Afetadas pela Mineração do Peru (Conacami Peru), a ideia da Marcha, que será transmitida ao vivo pela internet, é aproveitar a Assembleia da OEA para entregar às autoridades presentes vários documentos. Entre eles, destacam-se um anteprojeto de lei de anistia para os defensores e as defensoras criminalizados/as e um memorial sobre os impactos dos projetos desenvolvimentistas para as diferentes culturas e para o clima.

O caso Bagua, como ficou conhecido o confronto entre policiais e indígenas, ocorreu no dia 5 de junho de 2009 e resultou em pelo menos 33 pessoas mortas, dezenas de feridas e uma desaparecida. Os indígenas bloqueavam há quase dois meses uma das principais estradas de Bagua como forma de pressionar o Estado peruano a respeitar seus direitos e a derrogar uma série de decretos legislativos referentes ao Tratado de Livre Comércio entre Peru e Estados Unidos.

Um ano depois do ocorrido, comunidades indígenas e organizações defensoras dos direitos humanos aproveitam a data para homenagear as vítimas e demandar das autoridades competentes a responsabilização dos culpados. A Coordenação Nacional de Direitos Humanos, por exemplo, divulgou um comunicado na última sexta-feira (4) em que lamenta a falta de consenso entre as comissões formadas pelo Congresso da República e pelo Poder Executivo em relação às investigações e identificações dos responsáveis individuais.

Por esse motivo, pede ao Ministério Público e ao Poder Judiciário a individualização da responsabilidade penal dos atores do confronto. Da mesma forma, solicita ao Governo do Peru atenção aos familiares de civis e policiais mortos e feridos. “Cremos que a tragédia de Bagua mostrou os profundos desencontros entre o Estado peruano e os povos indígenas amazônicos, cujos direitos são ignorados e vulnerados de maneira permanente por um sistema político que não os compreende nem os inclui de maneira justa e adequada”, considera.

Para acompanhar a Marcha ao vivo acesse: http://www.livestream.com/conacami

* Jornalista da Adital

http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?boletim=1&lang=PT&cod=48384

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