Não há desinteresse pelas eleições, mas sim um novo modo de levá-las adiante. “As organizações da sociedade civil se tornam tão formidáveis como os partidos políticos, mas com uma diferença, o mais importante é o candidato que se destaca no âmbito local”, assinala o cientista social Edson Passetti. Analisando as possibilidades da radicalização da democracia, convertendo-se numa democracia direta, o professor afirma que esta é “inventiva, recoloca a possibilidade da vida igualitária e libertária. Os anarquistas a experimentaram em acontecimentos como a Comuna de Paris, a Revolução espanhola, por breve tempo na Revolução russa e em situações de ‘paz’ em vários países, inclusive no Brasil, nas primeiras décadas do século passado”.
Outro tema discutido na entrevista concedida, por e-mail, à IHU On-Line foi a relação da Internet com a política: “Na sociedade de controle, onde o trabalho se transforma em emprego, compondo um fluxo constante, no qual oscilam ocupados e desocupados, segundo as circunstâncias, a atuação via Internet apresenta alguns impasses. O movimento antiglobalização anunciou um novo internacionalismo para a ação anarquista, com sites e redes que articulavam ações simultâneas em torno de um problema global”. O “ritual eleitoral” peculiar à democracia representativa migrou da ágora grega, a praça, para a mídia eletrônica.
Graduado, mestre e doutor em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUCSP, Passetti escreveu a tese Política e massa: o impasse liberal por Ludwig Von Mises. É livre-docente por essa mesma instituição, onde, atualmente, leciona. De sua produção bibliográfica, destacamos Anarquismos & educação (Belo Horizonte: Autêntica, 2008), Anarquismo urgente (Rio de Janeiro: Achiamé, 2007) e Anarquismos e sociedade de controle (São Paulo: Cortez Editora, 2003). Confira a entrevista. (mais…)
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