SERGIO TORRES
da Sucursal do Rio (Folha on line)
Com base principalmente em informações veiculadas por organizações engajadas na defesa do meio ambiente, a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e a ONG (organização não-governamental) Fase (Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional) montaram o Mapa da Injustiça Ambiental e Saúde no Brasil.
Inédito, o trabalho lista cerca de 300 locais em todo o Brasil em que a população e os ecossistemas são ameaçados por diversos tipos de poluição, desmatamento, usinas hidrelétricas e lavouras de monocultura, por exemplo. Ele pode ser consultado no site www.conflitoambiental.icict.fiocruz.br.
Todos os episódios foram selecionados com base em relatos apresentados em fóruns ambientais realizados entre 2006 e 2009. São Paulo tem cerca de 20 casos, na capital e em cidades como Caraguatatuba, Avaré, São Lourenço da Serra, Ribeira e Peruíbe.
Parte dos casos paulistas trata de poluição hídrica, ameaça à fauna, poluição industrial e dificuldades na subsistência de populações humildes -descendentes de quilombolas, caiçaras, povos indígenas.
De acordo com os organizadores, o mapa permitirá o monitoramento de ações e projetos destinados aos enfrentamentos de situações em que “as injustiças ambientais” resultem em prejuízos à saúde nas cidades, campos, florestas e zonas costeiras.
O objetivo do mapa, segundo os coordenadores Marcelo Firpo (Escola Nacional de Saúde Pública, da Fiocruz) e Tania Pacheco (Fase), é apoiar as pessoas prejudicadas por ações privadas e dos governos que causem impacto nos territórios que habitam.
Firpo disse que os informes coletados não foram aprofundadas por pesquisas de campo.
“As informações destacadas revelam posições assumidas por parcela expressiva das comunidades atingidas, seja a partir de suas experiências, seja a partir de relatórios e artigos desenvolvidos por entidades, ONGs e instituições parceiras, inclusive grupos acadêmicos, instituições governamentais, Ministérios Públicos ou órgãos do Judiciário”, afirmou.
No lançamento do mapa, ontem na Fiocruz, os pesquisadores disseram que a proposta é dinamizar o mapa, como acréscimo de novos episódios e informações.
“Não consideramos o mapa fechado. Ele pertence a todos os interessados na construção de uma sociedade socialmente justa e ambientalmente sustentável, e é o momento inicial e um novo espaço para denúncias, para o monitoramento de políticas públicas e, ainda, de desafio para que o Estado, em seus diversos níveis, responda às necessidades da cidadania”, disse ele.
Fonte: Folha on line