G1 MS: “Índios invadem fazenda em MS e Funai atribui caso a mal entendido”

fazenda incendiada do G1
Fazenda em Sidrolândia é ocupada por índios. Foto: Nadyenka Castro/ G1MS – (versão 1)

Índio [SIC] foi preso por policiais à paisana e tribo [SIC] pensou que fosse sequestro. Sede foi queimada e líderes negam que terenas cometeram a depredação.

Por Nadyenka Castro, no G1 MS

Uma fazenda na região de Sidrolândia, a 64 km de Campo Grande, foi ocupada por índios da etnia terena durante a noite de quarta-feira (27), invasão que a Fundação Nacional do Índio (Funai) atribui a um mal entendido. Parte da sede no local foi queimada. Indígenas negam responsabilidade na depredação.

Segundo a Funai, a propriedade em questão não está ocupada pelos terena. A área está envolvida em uma briga particular por heranças e, na quarta, policiais à paisana foram ao local cumprir uma reintegração de posse. [Nota de Combate: referente à disputa entre os herdeiros, conforme informação complementar no final. TP].

No entanto, ainda conforme a Funai, os agentes passaram por uma propriedade vizinha que está ocupada pelos índios e flagraram um dos integrantes da tribo com porte ilegal de arma. Ele foi preso. Os parentes dele, vendo a situação, pensaram que seguranças o haviam sequestrado e resolveram invadir a fazenda.

A fundação explica que um representante do órgão foi até o local e montou uma comissão para denunciar o caso na delegacia. Quando o grupo chegou à unidade, encontrou o terena detido. Desfeito o mal entendido, os indígenas deixaram a propriedade.

Lideranças afirmam ao G1 que não foram os terena que destruíram o imóvel e que ele só foi ocupado até o momento em que os fatos foram esclarecidos. A Polícia Civil está investigando o caso.

Veja, na íntegra, o posicionamento da Funai:

O caso foi consequência de um mal-entendido.

A Terra Indígena Buriti é uma área judicializada com 31 fazendas em seu interior. Algumas dessas fazendas dentro da terra indígena estão ocupadas por índios, outras, por fazendeiros.

Há um acordo entre fazendeiros e índios de que o mapa de ocupação atual deve ser mantido, ou seja, nem os fazendeiros invadem as áreas atualmente ocupadas pelos índios, nem o contrário. O acordo vem sendo cumprido por ambas as partes.

Na quarta-feira pela manhã, policiais à paisana e um oficial de justiça estiveram na fazenda Água Clara para cumprir uma decisão judicial de uma disputa entre herdeiros não índios pela fazenda. O assunto não envolvia os índios.

Os policiais também constataram que, na fazenda Cambará, também dentro da terra indígena, ocupada pelos índios a mais de um ano, que fica bem ao lado da fazenda Água Clara, havia um índio armado. Eles foram até o local e prenderam o índio por porte de arma.
Outros índios, ao verem brancos armados levarem seu parente, pensaram que se tratava de jagunços a mando de fazendeiros.

Com o objetivo de salvar o índio levado pelos brancos, os índios reuniram parentes de aldeias próximas e invadiram a fazenda Água Clara na quarta-feira à noite. A Funai, ao ser informada pelos índios sobre os acontecimentos, enviou um representante, que chegou ao local na manhã de quinta-feira.

Imediatamente, o representante da Funai levou algumas lideranças indígenas até a delegacia para comunicar o suposto sequestro e deparou-se com o índio preso. Os fatos foram esclarecidos, o representante da Funai voltou à fazenda Água Clara e explicou a situação aos índios, que desocuparam a fazenda.

No momento, o representante da Funai acompanha indígenas que prestam depoimento em apuração policial sobre possíveis danos ao patrimônio.

Complementação de Combate Racismo Ambiental:

Sede da Fazenda Água Clara transformada em ruína após incêndio devastar casas e galpão Foto: Marcos Tomé / Região News
Sede da Fazenda Água Clara transformada em ruína após incêndio devastar casas e galpão. Foto: Marcos Tomé / Região News (versão 2)

Segundo o Região News, 

“Os PMS do Batalhão de Choque estiveram na propriedade onde fizeram o planejamento da reintegração de posse determinada pela Justiça em favor da procuradora de uma das herdeiras, Glória Alcunha Ortiz mãe de Maria do Carmo, a herdeira. Ela conseguiu assumir o comando do inventário do espólio, substituindo Afrânio Celso Pereira Martins Filho.

Foram presos na propriedade quatro funcionários do fazendeiro (sendo dois menores). Com os funcionários, Olívio Franco e Idiomar Natalício dos Santos, além de 600 gramas de maconha, foram encontradas três espingardas calibre 32 e um revólver calibre 38. Eles permanecem presos e serão indiciados por tráfico de drogas, porte de arma e milícia privada.

Um dos menores apreendidos, A.A.S, de 14 anos, com passagem pela Polícia por roubo, estava com um revólver calibre 38. Ele estava em companhia de S.J.C.R, também de 14 anos. A Santa Clara era uma das poucas fazendas que os índios ainda não tinham entrado, aguardando o desfecho do processo de compra de todas as propriedades reivindicadas como terra indígena.

A propriedade pertencente ao espólio de Afrânio Pereira Martins, tem 522 hectares, com mais de 900 bois na pastagem. Há mais de um ano se arrasta a negociação entre Governo e fazendeiros para compra dos 15 mil hectares reivindicados como parte da Reserva Indígena Buriti”.

 

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