Moraes de Almeida, distrito de Itaituba localizado no Sudoeste paraense a 290 km da sede do Município, cortado pela Santarém-Cuiabá (BR 163), Corredor da Soja, sai à rua no dia 21 de agosto em manifestação batizada de Quebrando o Silêncio, em defesa de crianças e adolescentes vítimas do Agronegócio da Bunge, que leva grãos do Mato Grosso para o seu porto, em Miritituba, no Tapajós.
Os dados são alarmantes! De cada 50 mulheres em pré-natal no Distrito, 35 são adolescentes. Profissionais da Saúde afirmam que esse número é maior já que muitas mulheres não procuram o Serviço, que é extremamente precário.
Senhor Celeste, presente no Ato, morador no entroncamento da Santarém-Cuiabá com a Transamazônica, a 30 km do porto da Bunge, afirma que também lá estão sendo afetados: ‘com o porto, a prostituição cresceu muito onde moro, ficam muitos caminhões parados’. E continua: ‘ a situação vai piorar, pois a empresa disse que hoje são 350 caminhões por dia e, até 2016, serão 1500 carretas diárias’.
Além do aumento da prostituição e da gravidez na adolescência, Moraes sofre com a poeira causada pelos caminhões – a rodovia é de chão -, trazendo complicações para a saúde com agravamento de doenças relacionadas a problemas respiratórios.
A holandesa Bunge, principal empresa do Agronegócio do mundo, a 3ª maior exportadora do Brasil e a 1ª do Agronegócio, tem como slogan ‘compromisso com o Brasil, do campo à mesa’; um slogan cuja beleza procura mascarar a realidade, com uso desordenado de veneno, contaminação da terra e da água, exploração de trabalhadores e agravamento de questões sociais em vilas e cidades já muito vulneráveis.
O ‘Quebrando o Silêncio’ foi organizado pela Igreja Adventista do 7º dia, e contou com a participação dos quase duzentos membros das Comunidades Eclesiais de Base presentes no 24º Encontro de CEBs Transamazônica-Santarém-Cuiabá, que aconteceu em Moraes Almeida, entre os dias 21 a 24 de agosto.