Estado inicia controle do consumo de cannabis no trânsito; começo da operação coincide com realização da maior festa do país “La Noche de Nostalgia”
No Uruguai, “pessoas físicas capazes, maiores de idade, cidadãos do país naturais ou legais ou detentores de residência permanente” estão aptos a plantar maconha para consumo de forma recreativa, de maneira legal. O Instituto de Regulação e Controle do Cannabis (Ircca) do país afirmou que o registro para as pessoas interessadas em iniciar o cultivo poderá ser feito a partir da quarta-feira (27/08).
Cada pessoa poderá cultivar até seis plantas, de acordo com a lei 19.172 que regulamenta o mercado de maconha. A licença é gratuita e terá validade de três anos.
A lei aprovada em 2013 permite o cultivo doméstico, a venda em farmácias de até 40 gramas mensais por pessoas e contempla a formação de clubes de fumo que ainda estão em processo de formalização por parte do Estado. A previsão é que em 2015 as medidas já estejam em pleno funcionamento.
O Uruguai foi o primeiro país do mundo a aprovar uma legislação outorgando ao Estado o controle da produção e venda da droga. A previsão do governo é que em um ano o mercado legal da cannabis represente 25% do total e represente um golpe ao narcotráfico.
A legislação, impulsionada pelo presidente José Mujica, gerou polêmica em nível nacional e internacional, ao estabelecer o “controle e a regulação por parte do Estado da importação, exportação, plantação, cultivo, colheita, produção, aquisição, armazenamento, comercialização, distribuição e consumo da maconha e seus derivados”.
Fiscalização
A partir da madrugada deste sábado (23/08) terá início o controle do consumo de maconha no trânsito. O início da fiscalização coincide com a realização da festa tradicional no país “La Noche de Nostalgia” (A noite da saudade em tradução livre), espécie de “balada retro” quando são realizadas festas em todo o país em tributo a sucessos musicais de décadas passadas.
Os policiais de trânsito farão provas para detectar a presença de tetrahidro cannabinol (THC) no sangue dos condutores. Nesta primeira etapa, serão utilizados três mil dispositivos importados da Alemanha.
“Iniciamos o controle da cannabis nos condutores já que é a droga mais consumida depois do álcool, mas a ideia é avançar e com o tempo controlar no trânsito outras drogas legais, como os psicofármacos, e ilegais” como a cocaína, disse à agência AFP o secretário geral da Unasev (Unidade de Segurança Rodoviária), Pablo Inthamoussu.