Mayron Régis – Territórios Livres do Baixo Parnaíba
O Encontro de comunidades quilombolas do Baixo Parnaíba alumiou muitas comunidades do município de Brejo. Algumas pessoas duvidaram de sua realização. A Secretaria de Direitos Humanos, ligada a Presidencia da República, enviou uma representante. O leste maranhense responde por um numero expressivo de defensores dos direitos humanos que o agronegócio ameaçou de morte. Esses defensores entraram no programa de proteção que a secretaria coordena.
A comunidade de Depósito se proclamou como comunidade remanescente de quilombos. Por várias vezes, os funcionários da proprietária destruíram as plantações dos quilombolas. Eles se enfrentaram pela última vez quando a proprietária arrendou a propriedade para empresários paulistas plantarem cana. A Secretaria de Meio Ambiente do Maranhão fiscalizou a propriedade a pedido da SMDH (Sociedade Maranhense de Direitos Humanos) e autuou a proprietária por desmatar áreas de preservação permanente.
O senhor Manoel Natal, presidente da associação de Depósito, é um dos incluídos no programa de proteção. Os quilombolas aguentaram calados, anos a fio, os desmatamentos de seus territórios para que empresários plantassem soja e capim. As carvoarias devastaram a Chapada. Os bacurizeiros e pequizeiros predominavam na vegetação. O Cerrado deu lugar a soja. A mata ciliar deu lugar ao capim. Em qualquer um dos casos, as pessoas se sujeitam aos agrotóxicos que empresários ou até mesmo os próprios agricultores despejam.
A contaminação dos veios de água é feroz. O prefeito de Brejo, o doutor Omar, apareceu no ultimo dia do Encontro de Comunidades Quilombolas do Baixo Parnaiba. Provavelmente, ele imaginou que os quilombolas o tratariam com mesuras. Aconteceu o contrário em todos os espaços públicos onde parou para conversar. A declaração de um morador da Vila das Almas soou como uma tapa na cara do prefeito: “Eu bebo é lama”. Ele se referia ao fato que a água, que saia do poço artesiano construído a mando da prefeitura, vinha cheia de barro.
Em outro momento, ele perguntou o que poderia fazer para conter o desmatamento das Chapadas. Quem sabe, propor uma lei a Câmara de Vereadores de Brejo que impeça novos desmatamentos. As comunidades quilombolas de Milagres arquitetaram com os vereadores do município e com o CEDEPROC, de Santa Quiteria, a elaboração e a aprovação de um projeto de lei que impede mais desmatamentos no município. A iniciativa partiu das comunidades de Tucuns e São Francisco.
O Syd, plantador de soja, planejava desmatar os baixos, plantar capim e criar gado próximo às comunidades. Com a lei, ele não pôde prosseguir. Os plantadores de soja no Baixo Parnaiba aplicam parte de suas rendas na compra de propriedades situadas nos baixos com o propósito de criarem gado.
–
Enviada para Combate Racismo Ambiental por Mayron Borges.