Por Por Raul Rodrigues, Correio do Povo de Alagoas
Durante este final de semana nossa redação foi até o Povoado de Ilha do Ouro situado à beira do velho Chico, pertencente ao município de Porto da Folha, cidade sergipana, e durante todo o trajeto pelas rodovias próximas ao leito do rio da unidade nacional, a tristeza foi nossa companheira.
O rio São Francisco está falimentar em uma UTI sem aparelhos e sujeita à falta de energia elétrica a qualquer momento. Somente Deus por meio de uma enchente controlada ou não, poderá salvar o Velho Chico.
Na cidade de Gararu o antigo leito está reduzido a menos da metade e apenas um canal permite passagem de embarcações de pequeno porte.
O meio do rio está tomado por uma croa que divide um pequeno córrego do lado alagoano e, um estreito mais profundo na margem sergipana. Dá pena ver o gigante de quatro décadas atrás se arrastando qual mendigo deficiente por sobre as areias – quase praias – qual víbora rastejante.
Em Ilha do Ouro, onde quem dividia o rio ao meio era um morro cuja parte mais alta agrega uma pequena Igreja, vê-se hoje apenas um largo entre o morro e o estado sergipano, mas cujas águas profundas apenas se localizam na margem do estado de Sergipe ao beijar ainda as pedras de um dos povoados mais antigos de toda a região.
O Rei das águas está morto. Respira por meio de aparelhos, mas uma crônica da morte anunciada é o seu maior testemunho.
O morro que agrega a Igreja quase já toca Alagoas.
A ponte de Propriá jamais cobre águas. A maior distância abaixo da construção de cimento e ferro é de bancos de areia!
Quem viveu a inauguração do Cristo do Oiteiro, ouviu Frei Damião profetizar que mais cedo ou mais tarde o São Francisco seria atravessado a pé. Estamos muito próximo disso acontecer.
As croas e ilhas que tomam conta do canal mais profundo da nossa margem em Penedo, o largo da Rocheira demonstram e anunciam: o Rio São Francisco apenas ofega entre os seus últimos dias.
Se Deus resolver salvar o São Francisco, a racionalidade do homem e ambição pelo progresso estará condenada a uma enchente feroz, que se não for controlada chegará às usinas e barragens com força suficiente para nos mandar em busca de novas fontes de energia.
Porém, por enquanto o rio está morto! Apenas serve mostruário daquilo que já foi.
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Enviada para Combate Racismo Ambiental por Ruben Siqueira.