Nós, das comunidades rurais de diversos municípios baianos (Campo Alegre de Lourdes, Curaçá, Juazeiro, Campo Formoso, Jacobina, Senhor do Bonfim, Caetité, Marcionílio Souza, Vitória da Conquista, Santa Maria da Vitória, Ibotirama, Irecê, Ruy Barbosa, Cordeiros) e entidades parceiras, reunidos em Salvador no II Encontro dos Atingidos e Atingidas pela Mineração, nos dias 24 e 25 de setembro de 2013, vimos por meio dessa carta chamar a atenção da sociedade baiana e brasileira para os impactos socioambientais gerados pela exploração mineral nos territórios das comunidades tradicionais, nos assentamentos rurais de reforma agrária, bem como em diversas outras regiões do estado.
Durante o nosso encontro, expomos os custos sociais gerados pela mineração que são repartidos entre toda a coletividade, sobretudo, com as nossas comunidades rurais, em razão da proximidade dos empreendimentos. No entanto, a apropriação da natureza e dos lucros pela sua exploração são sempre privatizados.
Refletimos também sobre a conjuntura político-econômica que favorece a expansão da atividade mineral em nosso Estado, e nos preocupamos com o fato dos planejamentos estratégicos estatais não levarem em consideração os nossos desejos, sonhos, modos de vida, mas sim estão pautados por uma lógica neodesenvolvimentista capitalista. Estamos atentos às modificações legislativas propostas para o setor mineral e entendemos que essas modificações em nada respondem ao respeito aos nossos direitos e tendem a intensificar os problemas que vivenciamos.
Convidamos outras entidades de representação social bem como a sociedade civil em geral a contribuir nesse processo de debate, de mobilização e de busca de alternativas para a construção de uma outra sociedade inclusiva, justa, democrática, ambientalmente responsável e que leve em consideração os direitos e desejos das comunidades rurais.
Salvador, 25 de setembro de 2013.
Comissão Pastoral da Terra Bahia