Nota do Movimento Nacional da População de Rua (MNPR) do Distrito Federal
Ocupação no Noroeste: expulsão de 37 famílias está marcada para ocorrer amanhã. 8 de Novembro de 2014
Há mais de 5 anos, 37 famílias – aproximadamente 200 pessoas – fizeram do Noroeste seu local de habitação em uma das cidades mais desiguais e excludentes do Brasil: Brasília.
Rodeadas por condomínios luxuosos e assediadas moralmente, as famílias foram ameaçadas, mais uma vez, de expulsão do terreno sem nenhuma alternativa de moradia digna. Sem negociações preliminares, com muita truculência e sem abertura ao diálogo, o governo do Distrito Federal unilateralmente informou [hoje], sexta-feira, 07 de Novembro de 2014, o prazo de 08 de Novembro de 2014 para a desocupação total da área. Ou seja, o governo determinou um prazo de 1 dia para que as famílias retirem seus pertences do local. Caso contrário, a SEOPS será responsável pela operação e fará a reintegração da área. Como os/as moradores/as não receberam nenhuma proposta concreta de moradia, a promessa é resistir.
Como é de conhecimento dos/as moradores/as de Brasília, os preços e condições abusivas dos contratos de venda e locação de imóveis na região transformaram o Plano Piloto em um dos locais com o maior deficit habitacional do país e, também, mais segregado. Sabemos também que essa configuração excludente não é novidade na cidade que já se constituiu excluindo seus/suas moradores/as iniciais, expulsando-os/as para as regiões administrativas e do entorno do Distrito Federal. No mesmo local no Noroeste, recentemente em 2011, grandes empreendimentos imobiliários tentaram expulsar dali a comunidade tradicional do Santuário dos Pajés.
Mas o que há por trás de mais uma expulsão de famílias empobrecidas? Porque a arbitrariedade e truculência das ações do governo distrital? Porque o rechaço a qualquer tipo de diálogo com os/as representantes de movimentos sociais que trabalham na região e ocupam espaços institucionais de participação e controle social como o Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento da Política para Inclusão Social da População em Situação de Rua do Distrito Federal? Porque o governo não oferece alternativas dignas e programas habitacionais para essa população ao invés de oferecer a situação de rua, como única possibilidade? Porque o governo do Distrito Federal, quando procurado pelas mesmas lideranças que temem que uma tragédia ocorra em 08/11/2014, não liberou as 1.000 unidades habitacionais do programa Minha Casa Minha Vida – que já foram construídas – para abrigar essas famílias? Porque expulsar essas famílias se, de acordo com um dos representantes da secretaria do governo do DF, existe orçamento e moradias disponíveis para acomodar, com tranquilidade todas essas pessoas, imediatamente? (mais…)