A resistência do cerrado e a força do rio Tocantins é fonte de inspiração, resistência e luta dos povos indígenas e populações tradicionais, que, fortalecidos em suas culturas e espiritualidades, continuam a resistir contra esses projetos que ameaçam suas culturas e territórios.
É por esta resistência, transformada em luta, rito e esperança em defesa da Mãe Terra e de tudo quanto ela representa e pela força da palavra de Deus, que nos anima a não desistir, que, o Cimi Regional Goiás – Tocantins, na sua XX Assembleia Regional reflete, celebra e agradece ao Deus da Vida e da História esta ousadia milenar.
Constatamos nas falas firmes e cheias de sabedoria dos indígenas presentes, que, mesmo com o avanço e pressão da urbanização e cultura ocidental nos povos e culturas indígenas, eles continuam a reinventar, reconstruir e recriar-se constantemente para manter suas culturas e tradições vivas e fortes.
A resistência é uma estratégia ancestral que serve para defender-se dos inimigos históricos, que sempre e de diversas formas tem ambicionado seus territórios.
Por esta razão e animados na força do Espirito, e do testemunho e compromisso profético de Dom Tomás Balduino, que sempre animou e impulsionou a caminhada do nosso regional, continuaremos firmes na defesa dos projetos de futuro dos povos indígenas.
Apoiamos o legítimo direito de reivindicação do povo Avá-Canoeiro ao território, que garante sua sobrevivência física e cultural, e exigimos que o Ministério da Justiça conclua em caráter urgente o processo de demarcação da Terra Indígena Taego Awá no estado do Tocantins.
Solicitamos que o governo federal resolva o problema de revisão de limites do povo Tapuia no estado de Goiás e do Apinajé no Tocantins, assim como também, o conflito fundiário dos povos Kanela do Tocantins e Krahô-Kanela.
Defendemos a autonomia e protagonismo dos povos indígenas e exigimos que o governo federal respeite e cancele os projetos da UHE-Serra Quebrada, a UHE-Perdida II, a UHE-Rio Sono; assim como também, o asfaltamento da TO-010, da TO-126 e da TO-500, que vão afetar seriamente a vida, cultura e territórios dos povos indígenas, os quais são inconstitucionais.
Exigimos a anulação da PEC 2015, a revogação da Portaria 303 e de todas as proposições legislativas que são um retrocesso histórico na defesa dos direitos indígenas e uma ameaça aos direitos garantidos constitucionalmente.
Denunciamos todo tipo de cooptação de lideranças indígenas por parte de funcionários públicos que, abusam de seus cargos para amedrontar, controlar e manipular em favor de interesses alheios e em desfavor das comunidades, principalmente no âmbito da política de atendimento a saúde indígena.
Contribuiremos permanentemente para que os povos indígenas continuem a fortalecer suas alianças com os camponeses, quilombolas, ribeirinhos, quebradeiras de coco e sociedade envolvente, a fim de, defender seus direitos e territórios da cobiça, da exploração e mercantilização de todos os bens e riquezas que existem nas suas terras.
Mesmo que os adversários dos povos indígenas insistam em destruir os direitos já garantidos destes povos milenares, continuamos firmes e confiamos na força do Senhor da História, e como diz o profeta da esperança, Dom Pedro Casaldáliga: “Quanto mais difícil o tempo, mais forte deve ser a ESPERANÇA”.
Miracema do Tocantins, TO, 23 de outubro de 2014.