Quilombo da Praça 14 tem sua história reconhecida graças à resistência das famílias remanescentes de escravos do Nordeste
Por Rosiene Carvalho, em A Crítica
A rua Japurá, na Praça 14 de Janeiro, Zona Sul de Manaus, guarda preciosa página viva da história do Amazonas. No local, resistem, há mais de um século, famílias remanescentes de escravos do Maranhão, que vieram para Manaus construir uma nova história de luta por liberdade e igualdade na Comunidade do Barranco.
As tradições dos antepassados foram mantidas pelas gerações que as sucederam, apesar do descaso do poder público na preservação da cultura e da história desse povo que se confunde com a da cidade. Também tentaram sufocar as tradições do Barranco o forte preconceito sobre a contribuição dos negros na formação da sociedade e cultura do Estado.
Graças a essa resistência, há cerca de um mês, a Fundação Cultura Palmares concedeu aos descendentes dos escravos maranhenses a certidão de autodenifinição de quilombo. O reconhecimento tornou a comunidade o segundo quilombo em área urbana do País.
O santo protetor dos negros, São Benedito, é, de certa forma, o grande responsável pela preservação da tradição dos fundadores da Comunidade do Barranco. Isso porque parte da tradição da cultura afro foi se perdendo com o tempo. As festas da comunidade nunca tiveram qualquer apoio ou reconhecimento do poder público. “Hoje não temos aqui nenhum terreiro. Não há mais benzedeiras na Praça 14. As pessoas que ficaram não seguiram da mesma forma a religião. Mas outros costumes permanecem: a festa de São Benedito é realizada há 125 anos com a estátua trazida pela vó Severa do Maranhão após ser alforriada”, disse. (mais…)