O cacique guarani-caiová Ládio Verón, candidato a deputado federal pelo Psol no Mato Grosso do Sul, pede aos eleitores que “demarquem” seu voto.
André Cristi, em Carta Maior
O sistema político brasileiro sempre foi fértil para os inimigos dos povos indígenas. O único deputado federal indígena da história do Brasil foi o xavante Mário Juruna, eleito pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT) em 1982 (para o militar João Figueiredo, presidente à época, caso latente de como o eleitor carioca não sabia votar). A bancada ruralista, rival da demarcação de territórios indígenas, tem 158 dos 513 assentos da Câmara Federal.
Entre eles, figuras como o arrozeiro Paulo César Quartiero (DEM-RR), adversário ferrenho dos indígenas no caso Raposa Serra do Sol, apontado pelo Incra como responsável por grilagem de terras na Ilha do Marajó, deputado que mais gastou verba pública da Câmara (desde 2011, R$ 775 380,71 em telefone, passagens aéreas, combustível etc.).
Nas eleições do próximo domingo (05) esse quadro pode mudar – ainda que molecularmente.
De acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral, dos 25 366 inscritos para o pleito, 0,32% declaram-se índios. O cacique guarani-caiová Ládio Verón é um deles.
Democracia guarani-caiová
Ládio foi definido candidato a deputado federal pelo Partido Socialismo e Liberdade (Psol) após consenso entre as lideranças indígenas da mais recente Assembleia Aty Guasu – a chamada “grande assembleia guarani e caiová”, ferramenta indígena criada na década de 80 para resistir à parte do desenvolvimento nacional reservada aos índios: etnocídio, dispersão forçada, regimes de trabalho semi-escravo. (mais…)