Povos indígenas de Roraima e as expectativas nas eleições de 2014

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Conselho Indígena de Roraima – CIR

Os povos indígenas de Roraima, Macuxi, Wapichana, Taurepang, Patamona, Ingaricó, Sapará, Yanomami e Ye’kuana, que somam 46% da população do Estado, assim como os diversos povos indígenas do Brasil, há poucas horas da Eleição de 2014, 5 de outubro, vivem momento de expectativas de mais uma vez fazer a diferença no movimento indígena, desta vez na política partidária, elegendo seus representantes indígenas.

Para o Conselho Indígena de Roraima (CIR), o momento é histórico, que desde o início vem acompanhando esse processo de decisão dos povos, quando, na 43ª Assembléia Geral dos Povos Indígenas de Roraima, realizada em março desse ano, no Centro Regional Lago Caracaranã, na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, onde decidiram indicar os seus representantes para concorrer às eleições de 2014 aos mandatos de deputado estadual e federal.

O quantitativo de eleitores indígenas em Roraima de aproximadamente 22 mil indígenas, um número expressivo, é a expectativa de conquista dos povos indígenas nessas eleições de 2014.

Para concorrer às eleições, foram indicados na Assembleia do CIR os indígenas Mario Nicacio (Estadual), e Aldenir Cadete de Lima (Federal), da região da Serra da Lua, ambos do povo indígena Wapichana. Os indígenas, Júlio José de Sousa (Estadual), do povo Macuxi, da região das Serras, Ernany Macuxi, Ozélio Macuxi (Federal), ambos da região da Raposa e Genival Morais, Macuxi, da região de São Marcos também assumiram compromisso junto suas bases para concorrer o pleito político.

O vice-coordenador, Ivaldo André, destaca o momento sendo mais uma experiência do movimento indígena. “É uma experiência que o movimento passa, pois a luta agora é eleger os candidatos indígenas e eleitos, venham cumprir com os compromissos juntos as comunidades e atender as necessidades”. Destacou também que, “não é pela primeira vez que os indígenas passam por um processo eleitoral, mas até o momento nenhum indígena foi eleito, então, o objetivo é eleger os candidatos”. “Já temos vereadores indígenas, mas não deputado estadual e nem federal”, frisou Ivaldo.

O jovem indígena, coordenador dos jovens da região do Amajari, Enock Barroso Tenente, do povo indígena Taurepang, expressa que o momento é de reafirmação de autonomia dos povos indígenas e a participação da juventude no processo é uma oportunidade de mudança na realidade de descaso com que, há anos, os políticos vêm tratando as questões indígenas. “Como juventude, há tempos estamos sentido o descaso, falta de interesse político com os povos indígena e população em geral, já crescemos vendo a injustiça e boa parte da juventude está querendo mudança”, expressou Enock. Expressou também que eleger os candidatos indígenas é uma oportunidade de exercer de fato a autonomia em relação à politica partidária. “A autonomia ainda não chegamos, e ao eleger os nossos representantes vamos reafirmar a autonomia que tanto falamos, pois aí, sim, vamos exercer a nossa autonomia e fazer com que as comunidades indígenas sejam atendidas, principalmente na conjuntura que passamos, no retrocesso aos direitos indígenas”, afirmou Taurepang.

O Tuxaua da comunidade indígena Tabalascada, região da Serra da Lua, Cesar da Silva, Wapichana, fala da expectativa quanto os resultados das eleições, considerando o trabalho de campanha feito nas comunidades indígenas para eleger os representantes indígenas. “As expectativas são boas, pois esperamos concretizar o que foi decidido no âmbito da Assembleia Geral e no dia das eleições apenas reafirmar o compromisso”, disse César.

Para contribuir no processo eleitoral consciente, o tuxaua destacou que foi feito um trabalho de sensibilização nas comunidades, da importância de votar em candidatos indígenas. “Esperamos melhorar o atendimento nas comunidades e que os resultados estejam a altura da nossa capacidade, e para alcançar realizamos o trabalho de sensibilização.”

Comments (1)

  1. Eu, Lucas Rurio, da etnia xavante no Estado de Mato Grosso – MT,tenho a honra e respeito de parabenizar a CIR pelo movimento em prol do fortalecimento, da autonomia e reconhecimento dos direitos constitucional prevista na Constituição de 1988.Se não for eleito não há problema. Vamos que vamos!

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