Represa de Três Marias, no Norte de MG, está com 6% de seu volume útil

Marca no vertedouro (à direita) mostra onde seria o nível normal da água na barragem (Foto: Valdivan Veloso/ G1)
Marca no vertedouro (à direita) mostra onde seria o nível normal da água na barragem (Foto: Valdivan Veloso/ G1)

Dez cidades do norte de Minas poderão ser atendidos por caminhões pipas. Apenas uma das seis turbinas da usina está funcionando.

Alexandre Fonseca e Valdivan Veloso, do G1 Grande Minas

A Represa de Três Marias, Norte de Minas Gerais, registrou o volume útil de 6,13% nesta quarta-feira (17), de acordo com a Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Esta é a primeira barragem construída ao longo do Rio São Francisco, que nasce em Minas Gerais e passa por cinco estados.

Inaugurada em 1962, a represa tem a capacidade de armazenar 21 bilhões m³ de água, equivalente a sete vezes o volume da Baía da Guanabara, no Rio de Janeiro, em uma área de 202.500 m². “A importância da bacia vai além dos benefícios de geração de energia elétrica. Ela é mais importante no que concerne a produtividade social e econômica do estado”, analisa o técnico da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater), Reinaldo Nunes.

Segundo a secretária nacional do Comitê de Bacia Hidrográfica do São Francisco (CBHSF) e o Consórcio dos Municípios do Lago de Três Marias (Comlago), Sílvia Freedman, as cidades que estão acima da represa ainda não sofrerão com as consequências do nível do reservatório. Entretanto, 10 municípios que utilizam da água do Rio São Francisco, fornecida pelo Reservatório de Três Marias, poderão enfrentar sérios problemas, entre eles Pirapora,Januária, Itacarambi, Pedras de Maria da Cruz e  Jaíba.

“Só a possibilidade de utilizar caminhões pipas já é um agravante. Com isso, teremos uma perda econômica e social muito grande, principalmente no Projeto Jaíba que utiliza a água do reservatório”, comenta a secretária Sílvia Freedman.

A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) informou também que a Usina Hidrelétrica que é atendida pela represa de Três Marias registrou nesta quarta-feira a entrada (afluente) de 21,1 m³ de água por segundo em seu reservatório, enquanto a quantidade que sai (defluente) é de 160,2 m³ por segundo. Das seis turbinas da hidrelétrica, apenas uma está em funcionamento.

Ainda de acordo com Sílvia Freedman, no próximo dia 15 de outubro será realizado um teste para mediar novamente a vazão da repressa. “Consiste em fazer um experimento para verificar a passafem da água pela turbina para que não seque o curso do rio”, explica.

Prejuízos
Com a severa estiagem, a Prefeitura de Três Marias protocolou na Secretaria de Estado de Defesa Social (Sedes) o pedido de estado de emergência. “A situação continua dramática, pois o afluente é menor do que o nível defluente. Pela primeira vez na história, muitos de nossos córregos estão secando. Agora nos resta pedir para que São Pedro nos mande chuva”, diz o prefeito Vicente Rezende.

Devido a baixa no nível da represa, os royalties destinados ao município de Três Marias diminuíram, segundo Rezende.

“Houve uma queda nos royalties referente a área alagada, devido a baixa na geração de energia, pois das seis turbinas utilizadas na hidrelétrica, apenas uma está funcionando. Isso proporcionou uma queda abrupta”, completa o gestor municipal.

Até o fim da tarde desta quarta-feira, a Companhia Energética de Minas Gerais não se manifestou sobre a possível diminuição da capacidade de produção de energia da Usina Hidrelétrica de Três Marias.

Enviada para Combate Racismo Ambiental por Ruben Siqueira.

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