Junto com representante da Funai, Caciques falaram com a imprensa nesta terça-feira
Por Karina Schaefer, Tudo Sobre Floripa
A pedido do Cacique Marco Guarani, da Terra Indígena do Maciambu, uma coletiva de imprensa foi organizada nesta terça-feira (12), na sede da Fundação Nacional do Índio (Funai) em São José, para dar resposta a algumas afirmações feitas em uma matéria divulgada na última semana. No encontro, os índios demostraram indignação e rebateram acusações que encararam como racismo midiático.
Entre os presentes estavam, além do Cacique Marco e do coordenador da Funai Regional Litoral Sul, João Maurício Farias, o Cacique Hyral Moreira, do território indígena de Biguaçu; a Cacique Eunice Antunes, do Morro dos Cavalos; e Leonardo da Silva Gonçalves, índio Guarani e funcionário da Funai. Eles defenderam a área do Morro dos Cavalos como legitimamente indígena, e argumentaram que nunca deixaram de dialogar com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT).
— Nunca fomos contra o progresso, sempre fomos abertos a entender todos os lados. Mas não vamos sair de nossa casa, que é nossa e a Justiça reconhece. Estamos mesmo cansados de passar por essa discriminação estando em nosso direito e também cansados de ser marionete de políticos — explica a Cacique Eunice.
Outro ponto discutido na coletiva foi a origem do povo indígena no Morro dos Cavalos. Leonardo da Silva, o último a se juntar na mesa para conversar com os jornalistas, foi enfático na questão.
— É a mesma coisa que perguntar para quem não é indígena: de onde vocês são? Estão aqui por quê? Se estamos naquela região é por que queremos. Interessante como ninguém questiona o que o índio quer — indaga Leonardo.
Nenhum dos presentes reconheceu que paraguaios seriam os primeiros habitantes da região, nem Julio Moreira como pioneiro na ocupação do Morro dos Cavalos. Contudo, a migração não é contestada pela Funai, uma vez que é próprio da etnia dos guaranis.
— Os índios guaranis habitavam grande parte das regiões Sul e Sudeste da América Latina desde antes da formação do estado brasileiro. E eles sempre visitaram outras aldeias, casavam, traziam esposa, marido ou filhos e encontravam outras aldeias ou voltavam para a de origem. A mesma coisa com imigrantes alemães ou italianos. E agora eu pergunto, quem tem mais direito? — questiona João Maurício.
O que diz a Funai
Segundo a Funai, a justiça federal já deu ganho de causa em duas estâncias sobre as terras no Morro dos Cavalos. As terras no local ainda não estão homologadas, mas são reconhecidas como terras indígenas.
Sobre a prestação de contas o DNIT, como empreendedor repassa o dinheiro para uma conta chamada Renda Indígena na funai, que a Funai gerencia mas não é orçamento da União. Esse programa é auditado pelo Tribunal de Contas da União todos os anos. Se tivesse alguma irregularidade eles já teriam descoberto.
A fundação enfatiza que o tipo de matéria veiculada na última semana alimenta o sentimento anti-indígena na sociedade, reforçando o preconceito de que eles são cidadãos de segunda classe.
Ainda segundo a Funai, 29% dos municípios catarinenses têm nomes indígenas, comprovando a influência na construção da identidade do Estado. Apesar disso, menos de 1% do território estadual é povoado por índios.
Com colaboração de Paulo Evangelista.
Tem razão os que falam sobre a discriminaçaõ que amidia vem utilizando para a sociedade ficar contra os verdadeiros donos das terras: os indios.
Raquel,
como estamos republicando texto alheio, não temos como fazê-lo.
Parabéns pela reunião e pela matéria. É uma reação importante para contrapor a campanha anti-indigenista que a RBS faz contra os Guarani em Palhoça. Essa reunião de lideranças mostra representatividade, força, legitimidade que as reportagens do DC não tem, pois se pautam em fontes sem nenhum respaldo entre os antropólogos e os povos indígenas. Sugiro duas modificações para que seja multiplicada e alcance eficiência na sua mensagem: 1. A qualidade da imagem rouba a força do registro, porque todas as lideranças estão olhando para o lado. Sugiro substituir por uma imagem mais profissional, com legenda identificando as pessoas. Este parágrafo também está confuso: “Nenhum dos presentes reconheceu que paraguaios seriam os primeiros habitantes da região, nem Julio Moreira como pioneiro na ocupação do Morro dos Cavalos. Contudo, a migração não é contestada pela Funai, uma vez que é próprio da etnia dos guaranis.” Seria possível rever a redação?
Tive a oportunidade de conhecer a vida indigena de perto e eles sao marginalizados da sociedade sim. Sao pessoas bondosas, com uma cultura linda, conceitos de vida que merecem nosso respeito e reverencia. Ja sofreram tanta violencia, perderam tanto. Merecem mais do que nunca viver em paz em suas terras. Foi a nossa sociedade que invadiu a vida deles e eles lutam para resgata-la.