A realização da Copa do Mundo da Fifa no Brasil colocou em alerta as organizações que lutam contra a exploração de meninos, meninas e adolescentes, durante um acontecimento que atrai 3,7 milhões de turistas para as 12 cidades sedes. Além de divisas, oportunidades de negócios e trabalho, o Mundial também aumenta os riscos de exploração trabalhista e sexual de menores de 16 anos, segundo organizações sociais e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef)
Fabíola Ortiz – Envolverde
“Não temos números para medir a intensidade do problema, mas o Mundial reúne fatores para que os casos de exploração aumentem” entre meninas, meninos e adolescentes, disse à IPS a coordenadora da Childhood Brasil, Flora Werneck. Esta organização trabalha há 15 anos no combate ao abuso sexual no país. A onda de turistas entre 12 deste mês e 13 de julho, nas cidades que recebem jogos da Copa da Fifa (Federação Internacional de Futebol Associado), multiplica a demanda temporária de serviços e aumenta o trabalho infantil e a vulnerabilidade dos direitos das crianças, assegurou a especialista.
Para Werneck, o ritmo acelerado de construções e projetos de infraestrutura para o Mundial gerou uma explosão de trabalhos temporários, migração de trabalhadores e despejo de famílias, aos quais se une as férias escolares, outro fator de risco. Por coerção, meninos, meninas e adolescentes podem participar de atividades ilegais, como venda de drogas e prostituição infantil. “Eles ficam mais expostos a esses e outros riscos”, ressaltou.
A incidência de violações dos direitos infantis se alimenta com fatores de vulnerabilidade social como desigualdade, pobreza, falta de acesso à educação, consumismo e cultura machista, afirmaram Werneck e outros especialistas ouvidos pela IPS. A exploração sexual de meninos e meninas relacionada a grandes eventos esportivos põe sobre a mesa um problema silenciado e pouco abordado nas políticas públicas. (mais…)
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