PM invade apartamento de madrugada para deter inocente. Justiça manteve adolescente preso
André Caramante e Bruno Paes Manso – Agência Pública
Edição do vídeo: Gabriel Uchida
José* tem 17 anos, estuda no 1º colegial no Caetano de Campos, usa alargador na orelha, trabalha como garçom para ajudar a mãe e anda sempre de skate na Praça Roosevelt. Ou melhor: andava. No dia 29 de abril, ele foi internado na Fundação Casa, acusado por um assalto a mão armada em que há provas de sua inocência. Apesar de não ter cometido o ato infracional, José segue internado até hoje: ele é culpado por ser jovem, negro e subcidadão em uma democracia injusta e sem controles.
Para que José fosse detido injustamente, uma série de arbitrariedades e erros foi cometida por representantes de diferentes instituições. Primeiro, na madrugada de 17 de março, policiais militares invadiram o apartamento da família de José com base em rumores imprecisos e sem mandado judicial. Levaram o adolescente ao 78º Distrito Policial dos Jardins, onde o delegado, que deveria se preocupar com a investigação, pouco fez para elucidar o erro. O promotor não só engoliu a farsa como passou a fazer parte dela, pedindo a punição severa do jovem inocente. O juiz da Vara da Infância sentenciou José por ato infracional correspondente a roubo duplamente qualificado, sem prazo para sair.
A história de José revela as mazelas do sistema de segurança pública e de Justiça paulista, que prende principalmente a partir de flagrantes, baseando-se muitas vezes em investigação e provas frágeis.