Almicar Júnior, Folha de Boa Vista
Um índio de 40 anos foi baleado, no domingo passado, na comunidade do Mutum, na terra indígena Raposa Serra do Sol, no município de Uiramutã, a 300 quilômetros da Capital, pela BR-174, Norte do Estado. Ele tentava impedir a garimpagem ilegal de ouro e diamante, quando foi alvejado por um garimpeiro, que sacou um revólver e atirou à queima roupa.
O agressor, segundo o coordenador da Frente de Proteção Yanomami, João Catalano, ainda está na região, armado, ameaçando os indígenas. Ele reclama da ausência da Polícia na região e critica a omissão do Estado que, segundo ele, não proporciona segurança aos povos indígenas.
“Ele foi baleado no domingo e só agora ficamos sabendo. Nem HGR, nem a Polícia nos informou. A PM e a Civil do Uiramutã se recusam a prender o autor do disparo. Não é a primeira vez que isso acontece. Mas deve-se observar que a segurança é um direito de todos, de índios e não índios”, comentou.
No caso da intervenção da Polícia Federal, o coordenador explicou que a PF age para combater quem pratica danos ao patrimônio da União, o que não é o caso, segundo ele. “Crimes comuns são de responsabilidade do Governo do Estado. Portanto, PM e Civil devem intervir nesta situação”, cobrou.
Catalano alertou, informando, que o atirador continua na região, garimpando e ameaçando outros índios. “E, infelizmente, nem PM nem Civil vai ao local. É racismo e preconceito das autoridades do Estado. Como disse, segurança é direito de todos, e não apenas de não índios”, observou.
O subcomandante da Polícia Militar de Roraima, coronel Amaro Júnior disse que o destacamento da PM em Uiramutã está funcionando normalmente, mas observou que os policiais militares não entram em área indígena, a não ser quando são acionados.
No caso do índio baleado, o subcomandante disse que vai analisar a situação para ver se é de competência da PM, uma vez que o conflito foi motivado pela garimpagem. “Pode ser de responsabilidade da Polícia Federal, mas se for da PM, com certeza não iremos nos omitir”, avisou.
crime comum, porém dentro de terra indígena, que é da união!