Encontro e Feira dos Povos do Cerrado reunirá cerca de 700 comunitários, de 05 a 08 de junho, no Complexo Cultural Funarte, em Brasília/DF
Embora seja o segundo maior bioma brasileiro, um dos hotspots mundiais da biodiversidade (área prioritária para a conservação do planeta com alto grau de ameaça) e possuir as maiores reservas subterrâneas de água doce do mundo, o Cerrado ainda não foi reconhecido como Patrimônio Nacional. As comunidades tradicionais que vivem no e do bioma, que elas ajudam a conservar, também são marginalizadas por não terem acesso a terra e são vítimas constantes de conflitos socioambientais. Ficam também à mercê de um modelo de desenvolvimento predatório e excludente, bem como longe das políticas públicas que poderiam fazer do uso sustentável do Cerrado uma estratégia de conservação.
Decididas a definir estratégias de ação para a conservação do bioma e justiça social dos povos e comunidades tradicionais, cerca de 700 representantes de comunidades tradicionais, indígenas, quilombolas, geraizeiros, vazanteiros, quebradeiras de coco e agricultores familiares se reunirão entre os dias 05 e 08 de junho no Complexo Cultural Funarte, em Brasília-DF, durante o VIII Encontro e Feira dos Povos do Cerrado. O evento é organizado pela Rede Cerrado e suas entidades filiadas, que totalizam um campo político de mais de 600 organizações de base comunitária.
O objetivo é aproveitar a semana que é celebrado o Dia Mundial do Meio Ambiente – 05 de junho -, para chamar a atenção das autoridades para os principais problemas relativos ao direito à terra, áreas protegidas e produção agroextrativista, e se tornarem visíveis para o restante do país. Para isso, o evento conta com uma rica programação de debates, mesas redondas, seminários, incluindo as manifestações culturais, feira dos produtos da sociobiodiversidade e praça gastronômica.
Além de lideranças vindas de vários estados onde há Cerrado no Brasil (DF, Goiás, Tocantins, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Mato Grosso, Piauí, São Paulo e Bahia), o Encontro terá a participação de especialistas e gestores públicos, bem como de representantes de organizações da sociedade civil, da academia e institutos de pesquisa. O governo federal será representado por diversos órgãos e Ministérios. A intenção é encerrar o evento com diretrizes de uma agenda consistente que garanta o fortalecimento da conservação e uso sustentável do Cerrado.
“Os povos do Cerrado querem mudar esse cenário de exclusão e estão chamando os governos e a sociedade para o diálogo. Somente com políticas públicas consistentes, com recursos, pessoal qualificado e força de vontade será possível combater os principais problemas socioambientais, gerando inclusão econômica e social”, ressaltou Altair de Souza, liderança agroextrativista e coordenador geral da organização.
Realizado desde 2001, o Encontro dos Povos do Cerrado se consolidou como um espaço para: troca de experiências que resultem na conservação do Cerrado e na promoção de meios de vida sustentáveis; valorização das tradições culturais dos Povos do Cerrado; discussão e formulação de posições políticas conjuntas; e divulgação pública dos problemas socioambientais que afetam o bioma, como também das alternativas existentes para o uso sustentável de sua biodiversidade (acesse o vídeo da última edição).
“Desde a primeira edição até os dias de hoje reconhecemos que tiveram avanços importantes, mas as principais reivindicações estruturantes permanecem e acirram conflitos gerados pelo modelo de desenvolvimento que favorece interesses privados e negligencia as diversas dimensões da sustentabilidade econômica, social, ambiental e cultural”, complementa o agroextrativista.
O evento tem o apoio do MMA, MDA, MDS, CONAB, FUNAI, ICMBio, MPF, Petrobras, Fundação Banco do Brasil, Funarte, EMATER-DF, ISPN, Central do Cerrado, Casa de Cultura Cavaleiro de Jorge, WWF-Brasil, Fundação Palmares, Anvisa, SlowFood, Rádio Cultura FM, Secretaria de Estado da Cultura, GDF, CONAB, INCRA, IBAMA, CESE e UnB.
Serviço:
VIII Encontro e Feira dos Povos do Cerrado
Data: De 05 a 08 de junho de 2014
Local: Complexo Cultural Funarte, eixo monumental, em frente à Torre de TV