Falta de estrutura física e alimentação são as principais reclamações. Coordenação garante solução de problemas em até 15 dias.
Vanísia Nery, do G1 AC
O líder indígena José Naldo Maneiro de Oliveira Nukini, 41, procurou a imprensa para denunciar as condições da Casa de Apoio à Saúde Indígena do Juruá (Casai). Acompanhado de outros índios, o cacique afirmou que o local não está oferecendo condições necessárias para apoiar os indígenas que necessitam fazer tratamentos de saúde na área urbana de Cruzeiro do Sul (AC).
De acordo com o cacique da etnia Nukini, a Casai, que antes funcionava no município de Mâncio Lima (AC) foi transferida para Cruzeiro do Sul (AC), oferecendo agora um espaço físico menor para atender a demanda de índios doentes e acompanhantes que são encaminhados das aldeias para o centro. Segundo ele, o espaço apresenta ainda outros problemas estruturais, como falta de água e a parte de colchões velhos e sem condições de uso.
Nós estamos em um momento crítico da saúde. Os colchões estão péssimos, sujos, e é melhor dormir no chão. Não tem espaço suficiente para acomodar todos que precisam vir para cá”, relatou o cacique Naldo Nukini.
O índio Antônio José Pereira, da etnia Arara em Porto Walter (AC), também está na Casai como acompanhante de um de seus filhos. A preocupação dele é em relação a doenças que possam ser transmitidas dentro da casa em decorrência do pequeno espaço e pelo fato de todos ocuparem o mesmo local, sendo que algumas doenças são transmitidas através do contato entre pessoas.
“Eu tenho uma preocupação pois tem muitos parentes que vem para cá com algumas doenças que nós não podemos estar juntos com eles, como os casos de tuberculose. Eles deveriam estar em um local mais reservado”.
Segundo o chefe da Assistência e Atenção à Saúde Indígena (Diasi), Paulo Roberto, o local onde a Casai está funcionando atualmente em Cruzeiro do Sul (AC) é provisório, devido a uma reforma que deverá acontecer nos próximos dias no prédio que fica em Mâncio Lima (AC), o que já havia sido esclarecido para os indígenas.
“Nós estamos nesse novo local há um mês, e existem algumas adequações que nós ainda estamos fazendo. Nós estamos trabalhando para sanar os problemas como o da água e de alguns colchões. E como trata de questões de processos as coisas são mais demoradas, mas nós estamos com nossa equipe acompanhando de perto e daqui a 15 dias estaremos com esses problemas resolvidos”, explicou o chefe do Diasi.
A alimentação é outro ponto criticado pelos índios. De acordo com o cacique Naldo Nukini a quantidade de comida não é suficiente para suprir a fome dos indígenas, como também não está em acordo com a cultura deles.
O chefe substituto do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI), Francisco Melo, responsável pela fiscalização da alimentação do local, explicou que a alimentação é diferenciada para pessoas doentes e acompanhantes. Sendo que o contrato com a empresa responsável por fazer a alimentação exige que sejam realizadas seis refeições diárias. Ele explicou que não existe possibilidade de realizar a alimentação conforme a cultura indígena, sendo que os doentes devem comer de acordo com a prescrição médica.
“Na verdade nós nunca vamos conseguir fazer o gosto deles, pois eles comem lá na aldeia do jeito deles, e aqui eles estão em uma casa de saúde onde a alimentação deve ser feita nos horários e quantidades certas estabelecidas pela nutricionista”, relatou.
A Casai atende atualmente os índios que são encaminhados dos municípios de Mâncio Lima, Rodrigues Alves, Marechal Thaumaturgo, Porto Walter, Tarauacá, Feijó e Cruzeiro do Sul, no Acre, compreendendo 123 aldeias, de 16 etnias no total. Cada município conta com um polo base. Os encaminhamentos são realizados pelos polos de cada município para Casai quando compreendem que o indígena necessita do tratamento de média e alta complexidade que não pode ser oferecido na localidade.