O governo vai avançar nas florestas protegidas da Amazônia para fazer estudos detalhados de viabilidade técnica e ambiental de novas usinas hidrelétricas. Hoje, a entrada nessas unidades de conservação, mesmo que seja apenas para fazer estudos técnicos, é proibida por lei. Esse caminho, no entanto, está prestes a ser aberto, por meio de uma portaria publicada sem alarde pelo governo, em fevereiro. “Estudar não significa construir, mas apenas analisar os benefícios, custos e impactos, para depois tomar uma decisão com base em informações mais profundas”, disse o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Mauricio Tolmasquim, ao ser questionado sobre o assunto. “Nosso pleito maior é poder estudar. Queremos ter elementos para tomar uma decisão final, que será dos próprios órgãos ambientais. Se você nem pode estudar algo, não pode saber os seus impactos”
André Borges – Valor
O atalho encontrado pelo governo para acessar as florestas protegidas passa pela portaria 55 (2014) do Ministério do Meio Ambiente, que estabeleceu procedimentos de atuação entre o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), responsável pelas florestas demarcadas. A portaria, segundo Tolmasquim, não diz taxativamente que o governo pode entrar nas áreas reservadas e fazer seus estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental (Evtea) ou relatórios de impacto ambiental (Rima), mas abre espaço para essa interpretação. “Ela pode ajudar a agilizar a realização dos estudos. Vamos discutir isso nos próximos dias com o Ibama. O objetivo é fazer os estudos sem ter que desafetar (diminuir) as áreas. Para concluir se uma usina é viável ou não, temos que estudar”, disse.
A ambição do governo em acelerar a construção de novas hidrelétricas na região Norte do país não se explica apenas pela importância dos rios amazônicos – que ainda são donos de 60% do potencial energético do país -, mas também pela complexidade que envolve esses projetos. (mais…)
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