“O esvaziamento programático dos partidos acaba favorecendo uma maior visibilidade pública da bancada ruralista”. O comentário é de Márcio Santilli em artigo no portal do Instituto Socioambiental – Isa. Segundo ele, “com essa gente, a agenda ruralista de expressão pública foi relegando a um plano secundário as demandas relativas à produção para priorizar uma plataforma reacionária, fundada na exclusão de direitos dos demais atores sociais do Brasil rural: admissão legal de relações desumanas de trabalho, privatização de assentamentos de reforma agrária, ameaça a direitos de índios e de quilombolas, desobrigação com o meio ambiente, desinformação aos consumidores, ceticismo e desprezo à ameaça das mudanças climáticas como se fosse uma questão meramente ideológica”. Eis o artigo
IHU On-Line – A questão rural sempre teve peso e importância enormes no Brasil. Um imenso território sem geleiras ou desertos, um histórico colonial relativamente mais associado à ocupação e ao uso do solo, uma vasta gama de atores sociais vivendo da terra, apesar do forte processo de urbanização ocorrido nas últimas décadas, uma exuberante diversidade de culturas indígenas, africanas e europeias associadas aos campos e florestas, uma produção agropecuária vigorosa e planetariamente relevante: não faltam indicadores passados e presentes dessa importância, que seguirá sendo constitutiva também do nosso futuro.
Sendo assim, o “ruralismo” também pode, ou poderia, abarcar um conjunto muito grande e diverso de perspectivas sobre o mundo, o país e o território. Mas a expressão acabou sendo apropriada pelo ativismo político de parte dos quadros partidários e de estruturas corporativas que vão lhe cunhando significados restritivos, pejorativos e indicativos de posições políticas extremadas. Assim foi a trajetória da União Democrática Ruralista (UDR), que comprometeu negativamente o significado da palavra, conferindo-lhe o sinônimo de obscurantismo, prepotência, violência e patrimonialismo fundiário descolado da produção. (mais…)
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