A fuga eterna de quem sofreu violência doméstica

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Reportagem de Nana Soares | Imagem: Jean Metzinger, Le Goûter, 1911 – Outras Palavras

Era a primeira vez que Júlia* acompanhava o esposo à igreja evangélica. O culto mal havia começado quando Gustavo*, seu marido há 11 anos, olhou fundo em seus olhos e disse: “Eu vou te matar”.

As palavras pegaram Júlia de surpresa, mas antes que ela pudesse esboçar qualquer reação, Gustavo cravou a mão em seu pescoço na tentativa de enforcá-la e, com gestos firmes, arremessou-a para fora da igreja. Enquanto isso, alguns fiéis assistiam à cena imóveis. Outro saíram correndo. (mais…)

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A cada 100 índios mortos no Brasil, 40 são crianças

Saúde oferecida aos índios está em patamar muito inferior à do resto da população
Saúde oferecida aos índios está em patamar muito inferior à do resto da população

João Fellet – Enviado da BBC Brasil a Dourados (MS) e Campinápolis (MT)

Cerca de 40% de todas as mortes entre índios brasileiros registradas desde 2007 foram de crianças com até 4 anos. O índice é quase nove vezes maior que o percentual de mortes de crianças da mesma idade (4,5%) em relação ao total de óbitos no Brasil no mesmo período. (mais…)

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Ancestral o innovadora, la justicia indígena hunde sus raíces en las comunidades

Despreciados por el Estado, pero fomentados por su misma ausencia, los sistemas autónomos de justicia persisten después de cinco siglos

Jaime Quintana Guerrero – Desinformémonos

México. “Nosotros cuando arreglamos problemas no pedimos dinero, multas ni castigos. Lo que hacemos es buscar la raíz del problema, dónde empezó, cómo empezó y nuestro trabajo es la reconciliación de ambas partes”, explica Rebeca Gutiérrez, jueza autónoma de San Jerónimo Tulijá, Chiapas. “Nosotros tenemos nuestras propias leyes, y de ellas no tenemos ningún temor, porque nosotros mismos las creamos y las acordamos en asamblea”, señala el aayuk Emiliano López. En Guerrero, explica Claudio Carrasco, de la Policía Comunitaria, “de las personas que han sido reeducadas, la mayor parte no vuelve a reincidir”. Son pinceladas de la forma en que los pueblos indígenas resuelven los problemas día a día en sus comunidades. (mais…)

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Desnutrição matou 419 crianças indígenas desde 2008. E responsável pela Sesai não responde à BBC

João Fellet – Enviado da BBC Brasil a Campinápolis (MT)

Perto de completar dois anos de idade, Júlio César já deveria falar, brincar e caminhar sozinho. O bebê, porém, é tão frágil quanto um recém-nascido.

Com 5 kg e desnutrição crônica, Júlio César tem perdido cabelo e exibe manchas na pele. O quadro do bebê – um índio xavante – é tão grave que, mesmo monitorado por uma nutricionista desde o início do ano, ele rejeita qualquer alimento exceto o leite materno e não consegue ganhar peso. (mais…)

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Mortes de indígenas em MS continuam a liderar ranking de violência

A cacique Damiana Cavanha em cemitério de parentes mortos atropelados
A cacique Damiana Cavanha em cemitério de parentes mortos atropelados

João Fellet – Enviado especial da BBC Brasil a Dourados (MS)

Os irmãos Devanildo, de 19 anos, e Ioracilmo, 26, deixavam em maio passado um bar próximo à reserva indígena de Dourados, no sudoeste de Mato Grosso do Sul, quando foram atacados.

A índia guarani kaiowá Doraci Cláudio encontrou os filhos à beira da estrada, os corpos rasgados por lâminas.

Perto dali, seis anos antes, a polícia foi acionada para recolher o corpo de um jovem desfigurado por 25 golpes de facão, a maioria no rosto. Era Vanilson, 26 anos, também filho de Doraci.

“Nunca acaba a dor de perder um filho, e eu perdi três”, ela diz. (mais…)

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AC – Sesai se defende tentando criminalizar lideranças indígenas e acusá-las de quererem cargos e privilégios

Criança Madjá do Alto Purus - desnutrição aguda. Foto: Blog do Padilha
Criança Madjá do Alto Purus – desnutrição aguda. Foto: Blog do Padilha

Tania Pacheco* – Combate Racismo Ambiental

A forma como a SESAI continua a tratar os crescentes protestos das lideranças indígenas Brasil afora (mas predominante na região Norte) começa a aproximar o ‘simples’ descaso com algo parecido com deboche. A “Nota de Esclarecimento” abaixo, que entendemos ser de responsabilidade de Antônio Alves de Souza, na qualidade de Secretário Especial de Saúde Indígena desde a criação do órgão, em 2010, é mais um exemplo disso.

Conforme pode ser lido em Ninawa Huni Kui no MPF AC: Lutar não é crime! Queremos o Pastor Raimundo Costa fora do DSEI/ARPU, o “grupo de indígenas” ao qual a Nota da Sesai desrespeitosamente se refere é constituído na realidade por lideranças de sete povos – Apurinã, Machineri, Jamamadi, Jaminawa, Huini Kui, Kaxarari e Madhira. Foram seus representantes que na quinta-feira, dia 20, apresentaram suas queixas e denúncias ao Ministério Público Federal no Acre, na frente da responsável pela Funai, sintetizando-as, afinal, de forma bastante objetiva: exigem a saída do Pastor Raimundo Costa da direção do DSEI como passo inicial para que o direito à saúde seja garantido às diversas aldeias e comunidades.

A “Nota de Esclarecimento” foi produzida por Bianca Moura, assessora para o Controle Social da SESAI, e por sua equipe de auditoria, e aparentemente se deslocaram de Brasília ao Acre não só para defender a manutenção do status quo. Não se limitaram a desrespeitar as lideranças indígenas: buscaram igualmente criminalizá-las e desacreditá-las (como já adivinhara Ninawa Huni Kui na postagem mencionada acima) atacando-as do ponto de vista ético, acusando-as de estarem buscando cargos e privilégios, em ações “contrárias aos princípios da legalidade, impessoalidade e moralidade” (negrito da SESAI). E encerraram, claro, reiterando “seu apoio ao atual coordenador do DSEI Alto Rio Purus” etc etc (também com destaque da SESAI). (mais…)

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