Movimento Geraizeiro e Articulação Rosalino Cobram Agilidade do Ministério do Meio Ambiente e da Presidenta Dilma para Criação da RDS Nascentes dos Gerais

Lideranças geraizeiras estiveram reunidas no dia 14 de fevereiro de 2014 no Acampamento Quintino Soares, município de Montezuma, onde cobraram do MMA e ICMBio, agilidade para a criação da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Nascentes dos Gerais.   Aproveitaram a reunião para também dar continuidade no planejamento da ocupação da RDS onde discutiram a gestão da criação dos animais nas áreas de solta e a coleta sustentável do pequi.

José da Silva, geraizeiro da Comunidade de Roça do Mato informou sobre os contatos feito com o ICMBio, da cobrança que a Articulação Rosalino fez à Giovanna Palazzi, Diretora de Criação de UCs, para que o órgão declare parte interessada no processo que a Empresa Estância Lagoa da Pedra move contra os geraizeiros de Montezuma e Vargem Grande do Rio Pardo. As comunidades que lutam pela criação da RDS Nascentes dos Gerais retomaram uma área de 6.000 ha em 2013 para impedir a continuidade do desmatamento e plantio da monocultura do eucalipto. Segundo o Sr. Clemente, do acampamento Quintino Soares, foi mais um passo dado pelo geraizeiros na proteção do território tradicional da RESEX Areião Vale do Guará, hoje RDS Nascentes dos Gerais: “A gente não podia ver a empresa plantar eucalipto nas cabeceiras dos córregos Guará e Roça do Mato. Nós dependemos destas águas e das frutas do mato”.

Carlos Dayrell, do CAA NM informou de sua viagem a Brasília e da reunião na audiência da Comissão de Direitos Humanos da Secretaria da Presidência da República onde apresentou a moção da Articulação Rosalino cobrando urgência na criação das Unidades de Conservação de Uso Sustentável pelo ICMBio em Minas Gerais que conta com seis processos abertos, o primeiro deles há 13 anos. Destes seis processos, apenas o da RDS Nascentes dos Gerais já cumpriu todos os passos, faltando agora apenas a publicação do Decreto pela Presidenta Dilma Roussef. Segundo Carlos Dayrell, esta demora na criação das Unidades de Conservação de Uso Sustentável significa uma violação de direitos de comunidades que estão sofrendo seguidas violências promovidas por empresas reflorestadoras e de mineração, como a CARPATHION, no município de Riacho dos Machados e Estância Lagoa da Pedra, no município de Montezuma.

Gilson, conhecido como Sol, da Organização para a Libertação dos Sem Terra, diz que a OLST vem contribuindo com o Movimento Geraizeiro por compreender que os cerrados não podem ser destruídos, acabando com todos os seres vivos que nele vivem, inclusive com as comunidades tradicionais. Ele explica: apoiamos a retomada realizada pelos geraizeiros e no dia sete de agosto de 2013 estivemos juntos no Fórum de Rio Pardo de Minas na audiência da Vara Agrária de Minas Gerais onde denunciamos o juiz …. cujas decisões tem sido sempre a favor dos grileiros de terra.

Segundo o Dr. André, da assessoria jurídica que vem acompanhando o caso e defendendo os geraizeiros da região do Alto Rio pardo, a Empresa Estância Lagoa da Pedra adquiriu terras griladas pela família Costa. São milhares de ha de terras públicas que foram griladas aqui na região, o que levou a Polícia Federal e o MPE a intervir nesta região.  Além da REPLASA, da Cia VALE DO RIO DOCE, FLORESTAMINAS, diversas outras empresas estão envolvidas em fraudes que vem sendo investigados em Minas Gerais. O antigo Secretário Extraordinário da Reforma Agrária do Governo de Minas Gerais, Deputado ____ já foi preso e seus bens foram penhorados em função com o envolvimento com a máfia da grilagem de terras de Minas Gerais.

As sessenta famílias acampadas no Acampamento Quintino Soares estão apreensivas, pois o despejo é eminente. Na retomada que fizeram já implantaram uma horta, plantaram roças e agora estão fazendo a coleta do pequi. Um intermediário está comprando o pequi e levando para Goiânia. Estimam que cerca de 6.000 caixas sejam coletadas, podendo gerar uma receita bruta de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais). E a coleta tem regras. Só o pequi caído no chão que pode ser coletado. E com o cuidado de não coletar todos, pois tem muitos outros animais que também se alimentam do pequi.

As famílias estão apreensivas, mas não estão paradas. Depois que percorreram as ruas de Rio Pardo de Minas, ficaram mais animadas. Contam com o apoio do STR de Rio Pardo de Minas, do MASTRO, da FETAEMG, do CAANM, da Pastoral Comunitária de Salinas, de professores e estudantes do IFNM – Campus Salinas, da UNIMONTES, de pesquisadores da EMBRAPA CERRADOS e do Sind-UTE. Por isso, na reunião do dia 14 de fevereiro, diversas outras atividades ficaram programadas: organização da coleta do pequi; reunião com os criadores de gado para definir melhor as regras da solta dos animais; mobilização para uma nova manifestação a ser realizada no mês de março. A esperança é que até lá a RDS Nascentes dos Gerais já tenha sido decretada. Mas, se não tiver,a resistência continua defendendo o território, com despejo ou não!.

Movimento Geraizeiro

Articulação Rosalino de Povos e Comunidades Tradicionais

 

Montezuma, 17 de fevereiro de 2013.

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