Tania Pacheco – Combate Racismo Ambiental
É importante ressaltar o caráter deste vídeo, feito por Osmar Marcoli, como dizem os letreiros, como parte do “Inquérito Civil Público para apurar a responsabilidade do Estado Brasileiro pelas violações de direitos humanos cometidas contra os Povos Jiahui e Tenharim durante a da construção da rodovia Transamazônica – BR 230”. Nele estão gravados depoimentos de lideranças Tenharim sobreviventes ao grande desastre que, como eles dizem, não só dividiu e destruiu seu cemitério e seus roçados, como levou para eles alimentos que não faziam parte de sua cultura e doenças que causaram tal mortalidade que, 40 anos depois, eles ainda não chegaram ao mesmo número de indivíduos.
Neste momento em que acompanhamos a luta pelo território (pois é disso que se trata, não interessa sob qual disfarce) no sul do Amazonas, é fundamental ver esses 18 minutos de vídeo. E é igualmente importante que ele se inicie com um filmete de propaganda da ditadura, no qual, enquanto as imensas árvores são postas abaixo para a construção da estrada, ouvimos, na narração, ‘maravilhas’ como “A Amazônia se caracteriza por um vazio demográfico só comparável à desoladas regiões polares”. Ou: segundo Médici, este é “o caminho para o encontro da verdadeira vocação da Amazônia”. E ainda, após um silêncio marcante, o grande lema – “O homem sem terras do Nordeste e a terra sem homens na Amazônia!” -, assim mesmo, pairando isolado para ser a marca de uma era. Talvez a era não tenha de todo acabado. Talvez por isso o desrespeito aos direitos humanos e até as tentativas de genocídio continuem.
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