Maria Dione Carvalho de Moraes* – Fundação Joaquim Nabuco
Introdução
No Brasil, seguindo-se tendência mundial, ganha vigor o debate sobre agricultura familiar, como economia de diversificação, e seus papéis numa dinâmica de desenvolvimento territorial. A par disto, constroem-se novas institucionalidades, com presença de atores locais em instâncias de programação, execução, gestão financeira, etc, a exemplo dos conselhos municipais de desenvolvimento rural sustentável2, que visam trazer o local para o centro das atenções, associando-se a liberação de subsídios públicos à assinatura de contratos entre Estado, coletividades locais e atores sociais, com definição de regras e dispositivos de controle dos subsídios públicos destinados à agricultura, considerando-se a diversidade da realidade social, cultural e humana, e não somente a produção (MORAES, VILELA, 2003)3.
Nesse contexto, uma abordagem de populações camponesas que vivem entre o baixão e a chapada (MORAES, 2002), nos cerrados e, mais especificamente, no sudoeste piauiense, requer pensar um outro status para esta agricultura, que deve passar de segmento marginal, tido como avesso à modernização e ao desenvolvimento dos cerrados, para uma inserção no processo de desenvolvimento territorial. Certamente, no caso brasileiro, há o grande desafio de mudança do enfoque de desenvolvimento rural centrado em perspectivas setoriais e no agronegócio, para a de desenvolvimento territorial focado na agricultura familiar, como sugerem, por exemplo, ABRAMOVAY (1999) e VEIGA et allii (2001)4. (mais…)
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