Grupo não vai disputar as próximas grandes usinas na região, como Tapajós e Teles Pires
Por Daniel Rittner, Valor Econômico
A investida da Odebrecht em grandes projetos hidrelétricos na Amazônia está em compasso de espera. O braço de energia da construtora diz não ter interesse em participar da disputa por novas usinas que serão concedidas nos rios Tapajós e Teles Pires caso as tarifas máximas definidas pelo governo mantenham o patamar dos últimos leilões de geração.
Para a Odebrecht Energia, empresa do grupo que concentra os ativos no setor, o foco está voltado às oportunidades em projetos de hidrelétricas nos países vizinhos – especialmente no Peru -, além de parques eólicos e usinas de biomassa no Brasil. Uma comercializadora própria de eletricidade foi criada neste semestre.
“A Odebrecht Energia continua existindo e não está sob revisão”, afirma o presidente da empresa, Felipe Jens, buscando desfazer os rumores de que a subsidiária seria fechada. O executivo reconhece, no entanto, que sua prioridade hoje não são os grandes empreendimentos amazônicos. “No atual momento que estamos vivendo, existem mais oportunidades de hidrelétricas fora do Brasil do que dentro, especialmente na América Latina. Dentro do Brasil, não está se desenvolvendo uma agenda como nós imaginávamos”, diz.
Os obstáculos no licenciamento ambiental, as baixas tarifas e a presença agressiva das estatais do grupo Eletrobras afastaram a Odebrecht dos últimos leilões de geração. “De fato, disputar com as estatais ficou complicado, mas elas não têm como continuar participando tão agressivamente dos leilões”, diz Jens. Ele lembra que a MP 579, transformada na Lei 12.783, trouxe a necessidade de enxugamento da Eletrobras e das empresas ligadas ao grupo.
A região Norte concentra 85% do potencial hidrelétrico a ser explorado nos próximos dez anos, segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), responsável pelo planejamento do setor. As usinas de São Luiz do Tapajós (7.880 MW), Jatobá (2.338 MW) e São Manoel (700 MW) são megaprojetos na lista de prioridades do governo.
Para o executivo, “ainda fica difícil voltar” a esses empreendimentos, mas ele garante que sua equipe não será desmobilizada e a Odebrecht estará pronta a disputar novamente os leilões quando uma “virada” ocorrer. “Não somos um fundo de investimentos que entra em um projeto e precisa vendê-lo em dois ou três anos para obter retorno. Quando esse setor der uma virada, não dá para partir do zero”, comenta Jens.
Junto com Furnas, a Odebrecht lidera o consórcio que venceu a licitação da usina hidrelétrica de Santo Antônio, em 2007. Ela detém 18,6% de participação no projeto, além de outros 10% por via indireta, com cotas do fundo Caixa FIP Amazônia Energia.
Em 2008, perdeu o leilão de Jirau, a outra usina no rio Madeira, em Rondônia. Depois, o consórcio que ela integrava desistiu na última hora da disputa por Belo Monte. Em 2010, ficou com 0,9% de fatia acionária no grupo vencedor do leilão da hidrelétrica de Teles Pires, garantindo sua atuação como construtora responsável pelas obras civis do projeto.
Na época dos leilões do Madeira, conforme recapitula Jens, havia projetos de grande porte que podiam posicionar a Odebrecht como grande investidor na geração de energia elétrica. Se a empresa não assumiu posição de liderança no setor até hoje, como se preconizava no início, é porque ela tem priorizado a qualidade dos investimentos em vez de faturamento elevado. “Precisamos ter rentabilidade e bons projetos à disposição”, frisa. De acordo com ele, a volta aos leilões de grandes usinas pode ocorrer “dependendo das tarifas” e do “nível de participação” da Eletrobras.
Enquanto não aumenta sua carteira de hidrelétricas no país, uma das grandes apostas da Odebrecht Energia está no vizinho Peru. Ela detém a concessão e faz as obras da usina de Chaglla, com 406 MW de capacidade, orçada em US$ 1,2 bilhão e tem financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES) e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Não deve parar por aí. “Temos outros dois ou três projetos em avaliação no Peru. Eles ainda não têm estudos detalhados, estão em prospecção, mas o potencial é perto de 1 mil MW”, avisa.
Até o fim do ano, um segmento de energias renováveis da Odebrecht Energia será criado para reunir os ativos em geração eólica, além da operação de usinas de biomassa herdadas da antiga ETH. Atualmente, são 738 MW de potência instalada de projetos de eletricidade gerada a partir de biomassa, com garantia física de 235 MW médios. Em 2018, com a ampliação da usina Eldorado, serão 887 MW de potência instalada e 312 MW médios de garantia.
No segmento de eólicas, quatro parques vão entrar em operação entre o fim de 2013 e o início de 2014, no município de Rio Grande (RS). Eles totalizam 108 MW de capacidade. Nos últimos certames em que a energia eólica foi destaque, a Odebrecht ficou de fora. “O último leilão não teve tarifas atrativas”, finaliza Jens.
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Enviada para Combate Racismo Ambiental por Mayron Borges.
E preocupante para os países vizinhos de Brasil, particularmente os povos indígenas, a construção dessas obras que teriam grandes custos sócias e ambientais nesses territórios. Se cosidera que os custos sociais, ambientais y até econômicos da obra superam os supostos benefícios energeticos, sendo um grão negócio para as construtoras e os bancos.