Carta do III Encontro Estadual dos Jovens Indígenas de Roraima

Nós jovens indígenas, dos povos Macuxi, Wapichana, Ingarikó, Wai-Wai, Sapará e Taurepang, representantes das etnorregiões das Serras, Surumu, Serra da Lua, Taiano e Amajari, após dois dias de muitas reflexões e análise do tema “Juventude Fortalecendo a Luta e Autonomia dos Povos Indígenas”, e com a participação de nossas grandes lideranças, assim afirmamos:

1. A Juventude Indígena, afirma o seu compromisso de continuar com esta caminhada incansável e sofrida. Uma luta que pode não pode parar no tempo, que precisa a cada dia de forças e esta energia a Juventude tem o suficiente.

2. Queremos manifestar e lembrar os ataques contra a vida de nossos irmãos, como foi o caso da queimada do Centro Indígena de Formação e Cultura Raposa Serra do Sol, do atentado á Comunidade Dez Irmãos, e dos casos violentos que sangram a história do movimento indígena, como a invasão da Comunidade Santa Cruz, a invasão da Comunidade Maturuca, a queimada das Comunidades Brilho do Sol e Homologação, entre outros casos de violência contra os povos indígenas.

3. Manifestamos repulsa à PEC 215, que torna o direito dos povos indígenas sobre o seu território tradicional cada vez mais difícil, com a transferência de competência para demarcar as terras indígenas do Executivo para o Legislativo. E outras propostas que são aprovadas sem a consulta das comunidades indígenas, como é o caso da Mineração e construção de Hidroelétricas nas terras indígenas. O mais grave é que estas propostas correm com toda velocidade no Congresso Nacional; é evidente que existem interesses econômicos.

4. Afirmamos que a luta de nossos avós, pais e mães, serão honrados. Porque lutaram por Nós Jovens. E nesse espírito de força e coragem que caminharemos rumo a um futuro digno, defendendo nossos direitos e protegendo nossa Terra. Somos sabedores que as batalhas não serão fáceis, mas acreditamos na união que sempre foi nossa arma.

5. Diante de tudo que relatamos e refletimos durante o nosso Terceiro Encontro, apenas queremos e pedimos que RESPEITEM NOSSOS DIREITOS. Não cometemos nenhum crime para ser julgados. Apenas queremos o direito de viver com dignidade, viver em paz, de correr e brincar, nadar e pular nos rios e igarapés. Queremos acordar toda manhã e dizer que estamos em nossa terra, em nossa casa. Porque a Terra faz parte de nossa vida, é dela que tiramos tudo que precisamos, é Nela que está a história do nosso Povo.

E Nós Jovens indígenas, jamais fugiremos da luta e do nosso compromisso. Porque seremos fortes como o Grande Guerreiro Makunaima e corajosos como o Pajé Maruwai.  Vamos à luta.

Comunidade Indígena Barro, T.I Raposa Serra do Sol, 16 de setembro de 2013.