Médica cubana é recebida presentes e festa no interior de SP, mas não poderá começar a trabalhar amanhã, graças ao Cremesp

A médica cubana Silvia Maria Blanco, 44, é homenageada ao chegar para trabalhar em Santo Antônio de Posse, no interior paulista. Foto: Apu Gomes - Folhapress
A médica cubana Silvia Maria Blanco, 44, é homenageada ao chegar para trabalhar em Santo Antônio de Posse, no interior paulista. Foto: Apu Gomes – Folhapress

Blanco, contudo, ainda não poderá começar a trabalhar na segunda-feira (23), porque o Cremesp (Conselho Regional de Medicina de SP) não emitiu nenhum dos 55 registros provisórios solicitados no Estado pelo Ministério da Saúde, para médicos formados no exterior que vão participar do programa

Lucas Sampaio, enviado especial da Folha

A cidade de Santo Antônio de Posse, na região de Campinas (SP), recebeu neste sábado (21) a médica cubana que chegou para trabalhar no município por meio do programa Mais Médicos, do governo federal. (mais…)

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Para socióloga estadunidense, médico brasileiro teme concorrência com cubano

Feinsilver
“Cubanos têm uma ideologia muito diferente da dos brasileiros”, diz a socióloga

Cármen Guaresemin e Camila Neuman, do UOL, em São Paulo

Estudiosa da diplomacia médica cubana, a socióloga [estadunidense] Julie Feinsilver, formada pela Universidade de Yale, é uma exceção em seu país. Admiradora da medicina praticada no país governado pelos irmãos Raúl e Fidel Castro, ela lançou em 1993 o livro “Healing the Masses” (“curando as massas”, em tradução livre), no qual abordava o modelo implantado na ilha.

Hoje, tanto o livro como artigos da socióloga se transformaram em referências para quem quer se aprofundar em medicina cubana. Feinsilver, que vive em Washington, já contou em entrevistas que teria sido vigiada pela CIA e FBI, com direito a telefone grampeado.

“Acho condenável os médicos brasileiros assediarem os cubanos, que foram para o seu país ajudar os mais pobres entre os pobres”, disse Feinsilver em entrevista, por e-mail, aoUOL. “Houve protestos por parte de algumas sociedades médicas por causa de um medo infundado: a concorrência.”

UOL – No Brasil, o salário de um médico cubano que participa do programa Mais Médicos será de R$ 10.000, ou cerca de US$ 4.000. No entanto, 85% desse valor vai para o governo cubano. Cuba sempre faz esse tipo de acordo?

Julie Feinsilver – Sim, o governo oferece educação gratuita e muito mais para os médicos, e atua como um headhunter encontrando os postos de trabalho e gerenciando a contratação. Em um país capitalista, os profissionais pagariam impostos por todos os serviços e necessidades sociais básicas fornecidas, além de uma taxa para o headhunter. Não é razoável que o governo cubano negocie um acordo que seja bom para ele e para os médicos? (mais…)

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A dor do outro, por Elaine Tavares

mercadoEm Palavras Insurgentes

Tenho um amigo que diz que a dor singular não deve nos comover, que precisamos atentar para o coletivo. Mas, adelmiana que sou, é do singular que eu caminho para o universal. Talvez, por isso, a dor do outro, que tem nome e sobrenome, me toque tão profundo. Penso firmemente que na história de uma pessoa singular está escondido o mundo. Daí que toda história pode ser um caminho para se entender o universal.
Na madrugada dessa sexta, alguém, talvez um pequeno grupo de jovens, agrediu de forma brutal um homem bom. Não sei o seu nome, mas todos os dias eu o vejo. Sentado como um rei africano, muito ereto, olhar fixo em alguma coisa que me escapa. Seu rosto é como uma esfinge e os olhos, perdidos, são como um lago profundo, escuro, e repleto de imagens que só a ele compete ver. O cabelo é branco e comprido. As roupas em trapos. Ainda assim, há uma majestade nele. Não o vejo pedindo, ou falando com alguém, nada. Sempre que passo no centro lá está ele, sentado, impávido, mergulhado no mundo interior. Hoje pela manhã o encontraram, o rosto sangrando, o olho vazado. “Não sei o que aconteceu. Eu acordei assim”.
Testemunhas falaram de quatro jovens a dar-lhe pontapés. E ele, tão abandonado em si mesmo, que nem se apercebeu. Chamam-no de o “Barba”, por ostentar uma barba longa. Não fala com ninguém, ninguém sabe de sua história. É um homem só. Ao vê-lo ali, indefeso e assombrado com a maldade humana, bate aquela desesperança com a raça. O que leva um guri a ver um homem pobre como um nada? Por que aquele que está na rua, sabe-se lá porque, precisa ser eliminado? O que temem os que veem os pobres como lixo?  (mais…)

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O Pastor, o Betão e o Inferno, por José Ribamar Bessa Freire

Betao foto(1)Em Taqui Pra Ti

Naquele tempo, faz nove anos, cercado de fariseus, um pastor passou pela Avenida Constantino Nery, em Manaus e ouviu uma voz que dizia: “Em verdade, em verdade vos digo: quem cria inferno, merece inferno”. Ele nem suspeitou que aquela fala era do Cramulhãoque disfarçava a voz e procurava imitar Jesus (Taquiprati, cap. 5, versículos 3-12).

O pastor, cujo nome é Aroldo Teles de Oliveira, decidiu, então, erguer ali um templo da Igreja Evangélica do Avivamento Jesus é o Caminho, bem encostado na residência de Roberto Sá Gomes, o Betão, que inicialmente se alegrou com a notícia, feliz de poder ter como vizinho um lugar de oração, de canto, de louvação ao Senhor. Ele pensava que seria vizinho do sagrado. Mas foi enganado também pelo Coisa Ruim.

Aquele lugar transformou a vida de Betão, de seus familiares e de todos os vizinhos num verdadeiro inferno. É que o pastor Aroldo, inspirado pelo Capiroto, acha que Deus é surdo. Daí, usa poderosos aparelhos eletrônicos de amplificação sonora, berrando, urrando, ululando, produzindo ruídos ensurdecedores através de alto-falantes que são prejudiciais à saúde e ao sossego público.

Betão, que mora há 36 anos naquela casa, está comendo a macaxeira que o diabo cozinhou, ele, seus familiares e os vizinhos, alguns dos quais enfrentam sérios problemas de saúde – otite aguda, insônia, hipertensão, cardiopatia. Nos últimos nove anos, sua vida se transformou num inferno. No início, tentou negociar com o pastor para baixar o volume e agendar horários que não molestassem tanto, mas o pastor permaneceu inflexível e intolerante. (mais…)

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MT – Ameaças contra retireiros do Araguaia e seus apoiadores aumentam cada vez mais na RDS Matinho Verde, em Luciara

Retiro queimado 1
Retiro queimado – área externa

Tania Pacheco – Combate Racismo Ambiental

A informação abaixo foi retirada, de forma praticamente integral, de mensagem recebida por Fernando Francisco Xavier e por ele enviada para Combate Racismo Ambiental. A denúncia é extremamente grave, como está escrito. Pior: embora se trate de algo que se repete Brasil afora, no caso específico de Luciara ele vem sendo invisibilizado, até onde sei, apesar da violência expressa, inclusive, nas fotos que ilustram a matéria.

Vamos nos unir, solicitando a ação do Ministério Público e autoridades nas quais seja possível confiar. E torcendo para que as próximas informações enviadas por Fernando sejam de que a Justiça tenha sido feita, garantindo a segurança e os direitos dos retireiros de Mato Verdinho e de seus apoiadores.

“A situação em Luciara (…) é gravíssima, e não pode ser minimizada, relativizada, ou até mesmo subestimar as ações daqueles que se colocam contra a RDS (Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mato Verdinho). [No dia 20 de setembro], por volta das 8 horas da manhã, conversei por telefone com Inês, esposa do Rubem Sales retireiro, e ambos contaram que: a estrada continua fechada, o acesso ao lago e beira de rio onde ficam os retireiros e a casa do Rubem também fechados. E o direito de ir e vir?

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